Conforme comentei aqui antes, antropólogos, ambientalistas e povos indígenas e tradicionais foram alvos recentes dos ataques da mídia sensacionalista: a matéria da Veja trai seus próprios “informantes” (todos virtuais, pois nenhum dos dois antropólogos aceitou dar uma única entrevista para os jornalistas e ambos refutaram as afirmações da revista) e constrói seus argumentos a partir de dados falsos sobre a situação fundiária brasileira e uma exposição clara da sua posição de defesa ideológica dos agentes do desenvolvimentismo em detrimento das populações indígenas e quilombolas. Não se trata, é claro, de nenhuma novidade, tendo em vista que a revista tem um histórico de péssimo jornalismo e já foi acusada diversas vezes de difamação e calúnia. Afinal, muitas vítimas já foram atacadas pelo seu jornalismo e a sua linha editorial. Desta vez foram os antropólogos, os índios, os quilombolas e os ambientalistas, atores que têm levado a diante uma agenda socioambiental no Brasil. Em tempos de eleição, toda discussão assume uma perspectiva maior, pois as questões de fundo da matéria são fundamentais num momento em que o Brasil pode traçar um caminho diferente das nações “desenvolvidas”. O caos econômico na Europa e nos Estados Unidos demonstram claramente que o modelo de desenvolvimento tradicional gera mais problemas do que soluções.
Em um tempo tão tenebroso para os bons jornalistas, vale apena citar as boas iniciativas e a mídia positiva, quando essa é de fato exercida. Não que eu seja exatamente um admirador incondicional da Folha de São Paulo, mas tenho que reconhecer que duas matérias publicadas neste último domingo no “Caderno Mais” trazem a tona duas questões fundamentais, uma delas diretamente relacionada ao tema que foi objeto de ataque da Revista Veja nesta última semana e a outra sobre um tema que dificilmente é abordado nos grandes veículos de comunicação. Essas duas matérias reacendem a crença na possibilidade de exercício de um bom jornalismo, num momento em que o país precisa estar bem informado, num momento em que precisamos discutir o papel da mídia na sociedade.
Continuação abaixo...
Um comentário:
Há várias médias alternativas e/ou independentes que são também exemplos de bom jornalismo. Não digo neutras, porque não acredito que isso existe, mas que tomam posições num sentido contrário a esta que tenta ir sempre na mesma direção, fazendo o que for preciso para se impor, difamando todos que não concordam com si e passando cruelmente por si de todos para seguir seu caminho rumo ao capitalismo selvagem.
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