terça-feira, 30 de agosto de 2011

Etnocentrismo - Parte II

"O que surpreende o leitor, ao se retomar as teorias explicativas do Brasil, elaboradas em fins do século XIX e início do século XX, é a sua implausibilidade. Como foi possível a existência de tais interpretações, e, mais ainda, que elas tenham se alçado ao status de Ciências. A releitura de Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Nina Rodrigues é esclarecedora na medida em que revela esta dimensão da implausibilidade e aprofunda nossa surpresa, por que não um certo mal-estar, uma vez que desvenda nossas origens. A questão racial tal como foi colocada pelos percursores das Ciências Sociais no Brasil adquire na verdade um contorno claramente racista, mas aponta, para além desta constatação, um elemento que me parece significativo na história da cultura brasileira: a problemática da identidade nacional" - Cultura Brasileira & Identidade Nacional - Renato Ortiz

Nesta postagem, vou explorar o viés etnocêntrico das teorias racialistas do século XIX como um exemplo de como o etnocentrismo pode se associar ao racismo.

A relação entre etnocentrismo e ciência não é nenhuma novidade, constituindo-se em mais um daqueles fenômenos negativos que importamos dos nossos colonizadores europeus. Afinal, tanto os argumentos científicos como a linguagem racialista mobilizada para defender a superioridade moral e intelectual dos brancos sobre as demais etnias foi uma 'cópia" de ideias populares entre intelectuais franceses e alemães. Essas ideias foram reformuladas à luz da temática da identidade nacional, tendo como referência o ideal de formação do povo brasileiro a partir da mistura de brancos, índios e negros. Influenciados pelas teorias do positivismo francês, do darwinismo social e do evolucionismo cultural, os autores brasileiros buscaram formular uma interpretação extremamente etnocêntrica do que seria o Brasil e os brasileiros.

A suposta superioridade (tecnológica e moral) dos europeus frente aos demais povos colocava países como o Brasil em situação de 'inferioridade', pois a sua emergente sociedade nacional era retratada como 'atrasada' frente aos povos 'desenvolvidos' da Europa. Incapazes de olhar para o povo brasileiro levando em conta as suas características culturais específicas, os nossos intelectuais viam a realidade brasileira a partir da lente dos colonizadores, ou seja, como uma sociedade decadente e atrasada. Os índios que aqui viviam antes dos portugueses chegarem e os negros escravizados durante a colonização portuguesa foram percebidos como um entrave ao desenvolvimento nacional. Isso explica a emergência da 'teoria do branqueamento', que teve forte influência nas políticas de atração de imigrantes europeus para o Brasil: acreditava-se que ao aumentar a presença do branco na sociedade, isso levaria a uma diluição das demais "raças", produzindo o que alguns defensores dessa teoria denominavam de contínuo e lento 'branqueamento' do nosso povo.

O viés etnocêntrico das teorias racialistas está presente na incorporação dos pressupostos racistas dos colonizadores, embasados por suas teorias científicas sobre a suposta superioridade moral e intelectual do branco. Atualmente, essas teorias são amplamente refutadas pela comunidade científica, pois não existe nenhum argumento que justifique tal superioridade do branco sobre as demais raças, seja do ponto de vista intelectual ou moral. Ao eleger os traços culturais dos brancos como indícios de sua superioridade racial, os defensores das teorias racialistas desenvolveram uma explicação etnocêntrica da diversidade humana. Com isso, esses cientistas colaboraram para legitimar o domínio ideológico dos colonizadores sobre o rumo que suas antigas colonias traçaram após a sua independência política.

A preocupação com o estabelecimento de uma 'identidade nacional' a partir de uma teoria explicativa do Brasil e dos brasileiros impediu aos percursores das ciências sociais de perceber a potencialidade da multiplicidade cultural e social dos habitantes deste continente chamado "Brasil", impossibilitando a nossa gente de traçar seu próprio caminho e estabelecer suas prioridades e objetivos enquanto uma nação multicultural.

O viés etnocêntrico e racialista que perpassou as teorias explicativas da nossa identidade nacional justificou a emergência de uma série de micro-mecanismos de exclusão racial no cotidiano de nossa sociedade, disseminando ações de exclusão racial em instituições como a escola, o mercado de trabalho, a universidade e o governo, sem nunca corromper a retórica da 'igualdade racial' presente na teoria da mistura (supostamente igualitária) de raças que teria dado origem aos brasileiros. O resultado da dinâmica estabelecida entre esses dois movimentos - de um lado os micro-mecanismos de exclusão racial e de outro a retórica da igualdade de raças - resultou em índices estatísticos que demonstram claramente a exclusão de negros e índios da vida política e intelectual do país.    

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Etnocentrismo - Parte I

"A atitude mais antiga, e que se baseia indiscutivelmente em fundamentos psicológicos sólidos (já que tende a reaparecer em cada um de nós quando nos situamos numa situação inesperada), consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais: morais, religiosas, sociais, estéticas, que são as mais afastadas daquelas com as quais nos identificamos. 'Hábitos de selvagens', 'na minha terra é diferente', 'não deveria permitir isso' etc., tantas reações grosseiras que traduzem esse mesmo calafrio, essa mesma repulsa diante de maneiras de viver, crer ou pensar que nos são estranhas. (...)" - Lévi-Strauss, Raça e História (1952)

Com esta postagem, dou início a uma série de intervenções no blog voltadas para os meus alunos da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (FACITEC) e o público mais amplo interessado em se familiarizar com conceitos, teorias e autores da antropologia. A ideia é associar essas postagens com a criação de duas novas páginas permanentes direcionadas para a mesma finalidade: "Dicionário de Antropologia Simétrica" (em processo de construção) e "Autores e Obras" (Idem).

Nesta primeira intervenção, pretendo dissertar brevemente sobre o etnocentrismo. Primeiramente, acho importante pontuar que essa noção remete a um fenômeno comum a todos os coletivos humanos, apesar de sofrer variações em termos de formas de manifestação e intensidade. Na antropologia, costuma-se denominar de 'etnocentrismo" a tendência geral de naturalizarmos os nossos hábitos culturais como os "mais corretos" ou simplesmente como "melhores" que os demais, que são percebidos sob o viés da nossa própria cultura (comportamento, ideais e formas de saber-fazer que apreendermos durante o processo de socialização). Isso ocorre porque a cultura orienta a  forma de vermos os costumes de outros povos, grupos ou sociedades, que são costumeiramente classificados como "menos adequados", "impróprios" e, em alguns casos, como "amorais", "bárbaros" e etc.

O trecho de Lévi-Strauss citado acima busca apontar para um aspecto muitas vezes negligenciado no uso que se faz dessa noção: a ideia de que o etnocentrismo é o desdobramento (consciente e manifesto) da atitude de perplexidade que sentimos diante do contato com a alteridade, o que conduz (em alguns casos) à reafirmação (frente à diferença) dos nossos próprios costumes e formas de pensar e fazer as coisas. Ao fazer isso o fundador do estruturalismo não estava incentivando ou justificando as violências cometidas em nome da intolerância de gênero, racial, religiosa, cultural e até mesmo ideológica, mas buscando mostrar que essas manifestações são um desdobramento mais ostensivo e hostil de uma atitude frente à alteridade verificável em vários povos e culturas. Trata-se de um fenômeno múltiplo e dinâmico, que assume diferentes configurações e intensidades. Nas sociedades ocidentais, o etnocentrismo deu origem a movimentos de intolerância ostensiva contra a diferença de gênero, racial, religiosa e ideológica. As inúmeras guerras de extermínio contra povos e culturas não-ocidentais e as milenares guerras religiosas são bons exemplos históricos de como a atitude etnocêntrica pode resultar em ações de violência.    

Por outro lado, é importante mencionar que a ralação com a alteridade nem sempre é orientada por essa atitude, pois existem povos e culturas que estabelecem uma relação mais 'amistosa' ou 'predadora' com a diferença cultural, buscando se apropriar (e transformar) as práticas e artefatos culturais de 'outros' povos ou assumindo uma atitude de tolerância amistosa com os parceiros comerciais. Com isso, podemos concluir que o etnocentrismo enquanto fenômeno cultural remete a uma das diversas atitudes possíveis diante da alteridade cultural (ideologia, moral, costumes, práticas e saberes de outros povos). Outras formas de experimentar com a diferença envolvem o estabelecimento de uma multiplicidade de relações de troca, assim como o compartilhamento ou intercâmbio de artefatos e práticas culturais. A própria guerra pode resultar na apropriação (pela força) dos traços que marcam a diferença do 'outro' enquanto presença, numa espécie de movimento antropofágico.  

Conforme identificado por Lévi-Strauss, a década de 1950 foi marcada pela busca do estabelecimento de princípios éticos universais, muitas vezes sem levar em consideração que a diferença cultural e moral é um dos elementos que constituem a diversidade humana. Ao mesmo tempo em que o autor condenou abertamente as teorias evolucionistas e racialistas que buscavam inferiorizar ou barbarizar os povos não-ocidentais como "inferiores" em termos de capacidade cognitiva e moral, ele também fez uma advertência de que a tentativa de eleger princípios éticos transculturais era, em si, uma forma de intolerância com a diversidade cultural. Ou nas palavras do próprio autor: "a simples proclamação da igualdade natural entre todos os homens, e da fraternidade que deve uni-los sem distinção de raça e cultura, tem algo de decepcionante para o espírito, pois negligencia uma diversidade de fato [cultural] que se impõe à observação (...). As grandes declarações dos direitos do homem têm também elas esta força e esta fraqueza: enunciar um ideal que raramente atenta para o fato de que o homem não realiza sua natureza numa humanidade abstrata, mas em culturas tradicionais" (Ibidem).

Ao fazer isso, Lévi-Strauss busca apontar para o fato de que a concepção de direitos humanos 'universais' tendo como referência unicamente critérios éticos e morais ocidentais também está imbuída de um certo etnocentrismo 'velado', principalmente, quando esses direitos são mobilizados para condenar e combater práticas culturais de povos não-ocidentais consideradas amorais do ponto de vista da moralidade ocidental. A questão é bastante complexa, pois remete à tensão entre Universalismo e Relativismo Cultural: até que ponto é possível eleger direitos humanos transculturais sem desrespeitar os costumes e práticas culturais de outros povos e sociedades?                  

De qualquer forma, é fundamental frisar que diversos autores da antropologia têm combatido as teorias racialistas e qualquer iniciativa de estabelecer uma hierarquia entre as diferentes culturas baseada em critérios científicos. Apesar da disseminação dessas idéias racialistas no Brasil, principalmente durante o século XIX, conforme veremos em outro post sobre esse tema, essas teorias são amplamente refutadas por boa parte da comunidade científica.

Apesar do entendimento do fenômeno do etnocentrismo ajudar a explicar uma das possíveis atitudes humanas em relação à diferença, ele certamente não pode ser mobilizado para justificar atos e ações de violência. A convivência com a diferença é, de fato, um dos maiores desafios em uma sociedade democrática. Os barbarismos cometidos contra povos e culturas são inaceitáveis, assim como as ações de violência contra indivíduos e grupos de nossa sociedade. Em um mundo globalizado e de múltiplas naturezas-culturas como o nosso, a tolerância e a convivência com a diferença (seja ela religiosa, étnica ou ideológica) é um imperativo da vida em sociedade.      

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Rede de Saberes em Mato Grosso do Sul

Índios do Mato Grosso do Sul e outros estados brasileiros estão reunidos em Campo Grande (MS), entre os dias 15 e 17 de agosto, para discutir a sua inserção na Universidade e a relação de saberes científicos e tradicionais. O IV Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade está sendo realizado na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), no âmbito do projeto "Rede de Saberes", que envolve uma parceria entre a UCDB, a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul de Aquidauana. Esse projeto - coordenado pelo Profº Antonio Brand - tem como objetivo principal o apoio à permanência de indígenas no ensino superior, estimulando a iniciação científica dos alunos, promovendo eventos de extensão e oferecendo uma série de auxílios adicionais.

A iniciativa é de extrema importância para o fortalecimento da luta dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul e arredores, que enfrentam atualmente uma conjuntura política extremamente violenta na região. A discussão da partição e permanência de alunos indígenas nas universidade públicas e privadas é uma demanda política dos povos indígenas. Além de discutir questões de ordem prática associadas à vida na universidade, o seminário e o projeto da rede visa a concepção e execução de estratégias concretas voltadas para a promoção do diálogo entre as ciências e os saberes indígenas e tradicionais no ensino universitário.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Simetria e Diferença

Desde que dei início ao blog, por diversas vezes notei a necessidade de esclarecer a forma como a noção de simetria epistemológica foi incorporada nos estudos da "Teoria Ator-Rede", principalmente, devido ao mau uso que os críticos costumam fazer dessa ideia. Voltarei a abordar essa questão no blog. Por ora, é importante notar algo que considero fundamental:

Simetria não é sinônimo de anulação ou diluição das diferenças estéticas, éticas ou conceituais.

Fazer uso do princípio da epistemologia simétrica não implica em tornar o que é diferente igual: estabelecendo uma igualdade conceitual entre diferentes práticas de conhecimento, por exemplo. Não se trata de homogeneizar as diferenças ao torná-las "simétricas" (seja do ponto de vista estético ou conceitual). O princípio da simetria é anterior a análise etnográfica: significa, de uma maneira geral, não reificar e projetar diferenças epistemológicas antes de ir a campo.

Esse princípio foi aplicado para desconstruir certas assimetrias epistemológicas que orientavam (e continuam a orientar) os grandes divisores do pensamento moderno ocidental: assimetria (em termos de agência) entre humanos e não-humanos; assimetria entre as ciências ocidentais e as demais formas de conhecimento (não-modernas); assimetria entre "Natureza"/"Cultura". Conforme tem sido amplamente explicitado por diversos autores, desde os trabalhos inaugurais de Bloor até os desdobramentos de suas idéias na obra de Callon, Latour e Law: é exatamente a adoção de uma epistemologia simétrica que permite evidenciar as assimetrias conforme elas são pensadas e colocadas em prática pelos próprios atores e não conforme pressupostas pelos analistas a partir da neutralização ou tradução consciente do discurso nativo conforme os pressupostos de uma ontologia naturalista (seja através do relativismo cultural ou do particularismo universal).

Os autores estão falando de uma assimetria (ou desigualdade) entre a cultura ocidental (que tem a pretensão de mobilizar a natureza através da Ciência e suas práticas de purificação) e as demais culturas: "Nós, ocidentais, não podemos ser apenas mais uma cultura entre outras porque mobilizamos também a natureza. Não mais, como fazem as demais sociedades, uma imagem ou representação simbólica da natureza, mas a natureza como ela é, ou ao menos como as ciências a conhecem, ciências que aparecem na retaguarda, impossíveis de serem estudadas. No centro da questão do relativismo encontra-se, portanto, a questão da ciência" (Jamais Fomos Modernos, p. 96-7, Latour). É essa assimetria epistemológica entre o discurso científico mobilizado pelo pensamento moderno (com seus grandes divisores e suas pretensões universalistas) e as demais formas de conhecimento e ontologias que a antropologia simétrica propõe romper. Ao invés de uma única Natureza (Universal) e várias culturas (tese do relativismo cultural e do multiculturalismo), o princípio de simetria generalizada propõe a multiplicidade ontológica ou a co-existência (mais ou menos conflituosas) de múltiplas naturezas-culturas. Essa multiplicidade perpassa os campos das ciências ocidentais e das demais formas de conhecimento não-modernas.  

É a partir de uma crítica ao relativismo cultural e ao Universalismo Particular (ver Ibidem, p. 101-04) que Latour propõe a adoção de uma simetria generalizada: explicar com os mesmos termos as verdades e os erros; estudar ao mesmo tempo a produção de humanos e não-humanos; e ocupar uma posição intermediária entre os terrenos tradicionais e os novos.

Mas isso não implica na anulação das assimetrias (de poder), muito menos em anular ou homogeneizar as diferenças entre naturezas-culturas:    

"Isto porque o objetivo do princípio de simetria não é apenas estabelecer a igualdade - esta é apenas o meio de regular a balança no ponto zero - mas também o de agravar as diferenças, ou seja, nos fins das contas, as assimetrias, e o de compreender os meios práticos que permitem aos coletivos dominarem outros coletivos" (Ibidem, p. 105).

Por isso, acho curioso quando as pessoas brincam de "revelar" as assimetrias (conceituais, temporais e estéticas) como uma forma de criticar a antropologia simétrica.

Isso porque simetria e diferença (seja ela de ordem estética, conceitual, poética ou ética) não estão em lados opostos, muito menos são princípios contraditórios. De fato, as diferenças (conforme são concebidas e colocadas em prática pelos atores) dependem de uma postura simétrica para serem reconhecidas pelo antropólogo, ao invés de serem presumidas ou impostas a partir do ideário moderno ocidental.        

Roy Wagner na UnB

O antropólogo norte-americano Roy Wagner (University of Virginia) fará uma palestra na Universidade de Brasília  na próxima semana, nos dias 16 e 17 de agosto. Wagner lançou recentemente a tradução para o português do livro "A Invenção da Cultura", publicado pela Cosac Naify, e é autor de uma vasta e producente obra na área de etnologia e teoria antropológica.

Confira a programação abaixo.

16 de agosto/2011, as 16hrs
"Revelations of a Daribi Land-Sham an Roy Wagner"
Local: Auditório da Reitoria/UnB

17 de agosto/2011, as 09hrs
"Trabalho de Campo na Nova Guiné" (Conversa e Imagens)
Local: Sala de Reuniões do DAN
  

Cachoeira do Rosário, Goias

Neste último final de semana, após a defesa da tese, eu, minha companheira e meus sogros visitamos a Cachoeira do Rosário, localizada no interior de Goias, a 150 km de Brasília. Durante o passeio por trilhas e caminhos do cerrado, contamos com a orientação de um mateiro de quarta geração. Além de descobrirmos (mesmo em plena seca) uma biodiversidade extraordinária, ficamos impressionados com o conhecimento que a gente do local tem das plantas e animais da região.  

O projeto da cachoeira é interessante. O dono recuperou a área, que estava até então ocupada por uma grande pedreira. Com as pedras já extraídas do solo e ainda presentes no local, eles construíram duas casas lindas de pedra, onde recebem os turistas, servem o almoço (repleto de delícias da culinária local) e disponibilizam maravilhosas redes para o merecido descanso. O passeio é realizado com guia e os visitantes recebem orientações sobre a importância da conservação ambiental do cerrado, sendo incentivados a ajudar na preservação do meio ambiente. Com o dinheiro gerado pelas visitas, a família consegue manter a natureza local intacta, em uma região onde as pedreiras estão proliferando a cada dia que passa, consumindo com as belezas locais.


Enfim, para quem gosta da natureza fica aqui a dica, vale apena conhecer essa linda cachoeira e as trilhas existentes na região. A cachoeira está localizada a uns 40km da cidade de Pirinópolis (GO) e informações podem ser adquiridas no local. É importante mencionar que o passeio é ecologicamente sustentável, ou seja, não é permitido levar ou fazer comida na área do entorno das cachoeiras e trilhas, assim como o número de visitantes é monitorado para que o impacto das atividades turísticas sejam compatíveis com os objetivos de conservação. Enfim, um projeto que demonstra claramente que turismo  e ecologia não são necessariamente forças opostas, pois podem andar lado a lado.        

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Notícias sobre a defesa...

Como divulguei o evento no blog, não poderia deixar de mencionar que a defesa da tese transcorreu  bem e o trabalho foi aprovado. Com isso, dá-se fim a uma jornada de cinco anos no PPGAS-UnB, onde cursei o doutorado em antropologia e contei com o apoio de valorosos colegas e amigos.

Gostaria de agradecer as contribuições dos professores Marcela Coelho de Souza (Presidente da Banca), Claudia Fonseca, Mauro Almeida, Henyo T. Barreto Filho e Guilherme da Silva e Sá. Fico contente que a tese tenha suscitado um bom e agradável debate.

Agradeço aos familiares, colegas e amigos que estiveram presente no dia ou que enviaram palavras de apoio.

De fato, quando uma jornada tem fim, outras têm início. Ao conquistar esse pequeno passo inicial, já se abre um novo horizonte de possibilidades e novos desafios.

Entre os projetos mais imediatos, pretendo continuar trabalhando com o material gerado durante a pesquisa de doutorado a partir da publicação do texto integral da tese e de  artigos em revistas, além da participação em congressos da área.

Voltarei a tratar de questões relacionadas à tese aqui no blog, algumas delas abordadas na banca.

Também pretendo fazer uma lenta reformulação do blog, que receberá um novo perfil em breve, com a renovação do material da biblioteca e da videoteca, assim como a criação de novas páginas permanentes.

Segue abaixo algumas fotos da defesa para os amigos e colegas que pediram a publicação desse registro. Grande abraço a todos.






        

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Redes Sociotécnicas, Práticas de Conhecimento e Ontologias na Amazônia

O dia da defesa está se aproximando. Estou disponibilizando logo abaixo o sumário da tese para quem quiser se informar um pouco mais sobre a pesquisa. Em linhas gerais, a tese foi concebida a partir de uma interface entre a antropologia da ciência e a etnologia, tendo como tema o contexto histórico da regulamentação das pesquisas e iniciativas tecnológicas no campo da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais.

A proposta inicial foi abordar a forma como está ocorrendo o chamado "diálogo" entre as ciências ocidentais e os chamados "conhecimentos tradicionais" sob o novo contexto da regulamentação, marcado por uma problematização ética e política dessa relação. Após realizar um levantamento inicial no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - órgão do governo federal responsável por conceber e aplicar as novas diretrizes jurídicas nessa área - selecionei duas iniciativas para acompanhar em campo, ambas desenvolvidas na Amazônia. 

Uma dessas iniciativas foi abordada na primeira parte da tese. Trata-se de uma pesquisa realizada por uma rede de laboratórios de farmacologia da Universidade Federal do Amazonas, envolvendo a coleta de plantas medicinais e conhecimentos associados em uma comunidade ribeirinha, tendo como objetivo a concepção de fitoterápicos, medicamentos e outros produtos naturais. Trata-se da primeira iniciativa de bioprospecção envolvendo acesso à biodiversidade e aos chamados "conhecimentos tradicionais associados" autorizada pelo governo brasileiro. A escolha desse caso também se justifica pelo fato das pesquisas na área de produtos naturais ser um dos setores científicos mais diretamente envolvidos com a problemática da regulamentação. 

A outra iniciativa, abordada na segunda parte, envolve duas pesquisas realizadas pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN): um projeto sobre agrobiodiversidade em São Gabriel da Cachoeira e arredores; e outro sobre "paisagens ecológicas" entre os índios Baniwa do rio Içana. Os dois projetos integram o "Programa Rio Negro" e estão associados a um conjunto de "pesquisas interculturais" e desenvolvimento sustentável em andamento na região noroeste da Amazônia. Essas iniciativas compartilham a proposta de uma "metodologia participativa" e envolvem a atuação de pesquisadores indígenas nas etapas de coleta e sistematização de dados. A escolha dessa iniciativa se justifica porque os projetos na área de desenvolvimento sustentável - envolvendo a parceria entre ONGs ambientalistas e organizações indígenas - constituem um setor de pesquisa bastante envolvido nos debates sobre regulamentação. 

Na tese, busco descrever as práticas de conhecimento dos cientistas e das comunidades; e a sua relação com os objetos dessas pesquisas: em linhas gerais, plantas, lugares e saberes associados. Tendo como referência uma abordagem ontológica das práticas de conhecimento - inspirada pelos trabalhos de autores como Heidegger, Merleau-Ponty, Ingold, Law, Latour e Mol - busco descrever a relação dos diferentes coletivos envolvidos nessas iniciativas com os objetos de conhecimento, buscando entender como essas múltiplas ontologias entram em relação nessas iniciativas através de uma série de práticas de tradução (entendida à luz da Teoria Ator-Rede).

Essa discussão das práticas de conhecimento também envolveu uma interlocução com a noção de habitus em Bourdieu e Mauss; assim como uma reflexão sobre o fenômeno histórico do objetivismo científico e a sua relação com modos de subjetivação no campo das ciências e dos conhecimentos tradicionais a partir de um diálogo com o trabalho de Ian Hacking, Daston e Galison. 


A descrição das práticas de conhecimento dos ribeirinhos e dos índios envolvidos nessas iniciativas levou a uma discussão sobre o perspectivismo e o multinaturalismo (Viveiros de Castro), iluminada pelas formas que esses coletivos agenciam a relação com os pesquisadores e com o discurso científico, dando origem a fenômenos como a feirinha de comercialização de produtos agrícolas e a farmácia ribeirinha. Também abordei a emergência da categoria de "pesquisadores indígenas" como uma forma de agenciamento e domesticação dos pesquisadores brancos e seus conhecimentos e instrumentos de pesquisa.    

Na tese, também desenvolvo algumas reflexões sobre a noção de "redes sociotécnicas" tendo como ponto de partida uma série de problematizações teóricas e metodológicas próprias dos estudos da ciência e da "Teoria Ator-Rede" ("Actor-Network Theory"). Essas reflexões são desenvolvidas a partir de um diálogo com noções cunhadas por Deleuze e Guattari na obra "Mil Platôs" - rizoma, sistemas arbóreos, devir, linhas de fuga e desterritorialização, espaço liso e estriado e ciências nômade e de Estado -, tendo como cenário as formas de ordenação e coordenação das redes colocadas em prática pelos diferentes coletivos que atuam nessas iniciativas.      

O tema da regulamentação foi retomado nos dois capítulos da terceira parte - que reúne as conclusões finais da tese - a partir de uma interlocução com a noção de governamentalidade em Foucault e outros estudos mais contemporâneos sobre as formas modernas de governo e a sua relação com o discurso científico. Neste trecho final, também desenvolvi uma reflexão sobre os principais instrumentos da regulamentação, como é o caso dos dispositivos de consentimento informado e repartição de benefícios, tendo como referência a forma como esses instrumentos foram agenciados nas duas iniciativas.        

Após a defesa, vou montar uma nova página aqui com informações mais detalhadas sobre o trabalho. Assim que a versão mais definitiva estiver pronta (pós-banca), pretendo disponibilizar o texto final no blog. A proposta é, caso possível, tentar publicar a tese em livro ainda em 2012. 

Só relembrando, a defesa está marcada para o dia 04 de agosto, as 14 horas, no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília. A banca é presidida pela Profª. Marcela Coelho de Souza e composta pelos professores: Claudia Fonseca, Mauro W. B. de Almeida, Henyo Barreto Trindade Filho e Guilherme J. da Silva e Sá. Segue abaixo o sumário da tese.

REDES SOCIOTÉCNICAS, PRÁTICAS DE CONHECIMENTO E ONTOLOGIAS NA AMAZÔNIA: TRADUÇÃO DE SABERES NO CAMPO DA BIODIVERSIDADE
SUMÁRIO
PARTE I
CAPÍTULO I - BIOPROSPECÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS AMAZÔNICAS E A PRODUÇÃO DE FITOTERÁPICOS: FARMACOGNOSIA, REDE E ONTOLOGIA, 44
1. A Etnofarmacologia e o Projeto da Farmacognosia, 44
2. Identificação de espécies amazônicas como potenciais fitoterápicos, 49
    2.1. Por uma ciência amazônida, 51  
   2.2. Traduções e agenciamentos científicos: o processo de construção de um laboratório de plantas medicinais amazônidas, 54
3. Redes Sociotécnicas na Amazônia: farmacognosia, bioprospecção e fitoterápicos, 59
4. Plantas medicinais, conhecimentos tradicionais e fitoterápicos: pressupostos ontológicos, 68
    4.1. A planta medicinal, a farmacognosia e o ideal da multidisciplinaridade, 68
    4.2. O valor econômico e humanitário da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais e o risco de erosão, 71
    4.3. A cadeia produtiva de fitoterápicos: aproximação com a indústria e geração de renda, 74
5. Objetivismo científico e farmacognosia: o mundo-das-substâncias, 75
CAPÍTULO II - PRÁTICAS DE CONHECIMENTO NO LABORATÓRIO: DA PLANTA AO FITOTERÁPICO, 83
1. A coleta das plantas na Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, 85
2. O levantamento etnofarmacológico: tradução e objetivação científica dos conhecimentos tradicionais associados às plantas medicinais, 88
3. As práticas científicas na bancada e o processo de transformação da planta em fitoterápico, 95
    3.1. O laboratório Planta-Piloto: secagem e processamento, 95  
    3.2. O laboratório de Fitoquímica: cromatografia, fracionamento e produção de extratos, 96
    3.3. O laboratório de Bioquímica: testes de bioatividade in vitro, 102
    3.4. O Biotério: testes de bioatividade in vivo, 107    
4. Formas de conhecimento no laboratório: práticas de ordenação, distribuição e objetivação científica, 110
     4.1. Reproduzindo o protocolo na bancada: temporalidade e conhecimento, 111
     4.2. Formas de Classificação: espacialidade e conhecimento, 116
  4.3. A relação dos pesquisadores com os actantes e o habitus laboratorial: objetivação científica formas de visualização dos dados e práticas de tradução, 120
CAPÍTULO III - HABITUS RIBEIRINHO, REDES COMUNITÁRIAS E PLANTAS MEDICINAIS, 127    
1. A Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, 127
2. Ontologia e Plantas Medicinais: formas ribeirinhas de conhecer, falar e usar as plantas, 133
     2.1. O Mundo do Quintal: universo feminino e a poética do cuidado, 134 
     2.2. O Mundo da Mata: universo masculino e a poética da valentia, 141
     2.3. O Mundo do Curandeiro: hibridismo e a poética da tradução/transformação, 145
3. Redes Ribeirinhas e a Circulação de Plantas e Conhecimentos Medicinais, 149
4. Sazonalidade, Habitus Ribeirinho e Plantas Medicinais, 155
5. A "Farmacinha Ribeirinha": resiliência, tradução e agenciamento, 159

PARTE II
CAPÍTULO IV - AGROBIODIVERSIDADE, PAISAGENS E PESQUISA INTERCULTURAL NO ALTO RIO NEGRO: SOCIOAMBIENTALISMO, REDE E ONTOLOGIA, 168
1. O Socioambientalismo e o diálogo entre conhecimentos científicos e tradicionais no final do século XX, 168
2. O Instituto Socioambiental, o Programa Rio Negro e a Rede ISA/FOIRN, 173
3. Agrobiodiversidade e inventário de Paisagens Baniwa: pressupostos ontológicos, 181
     3.1. Mandioca, Agrobiodiversidade, Urbanização, Redes Sociais e Risco de Erosão, 184
     3.2. Trilhas, Conhecimentos e Paisagens Baniwa, 193
CAPÍTULO V - PRÁTICAS DE REGISTRO DA SOCIOBIODIVERSIDADE: A TRADUÇÃO/TRANSFORMAÇÃO DOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS EM DADOS CIENTÍFICOS, 199
1. As Expedições de Campo e os Aparelhos de Registro da Sociobiodiversidade, 200
     1.1. Entrevistas, Questionários e Cadernos de Anotação, 202
     1.2. Transectos, Coleções e Fotografias, 207
2. Os Aparelhos de Sistematização e Visualização da Sociobiodiversidade, 210
      2.1. Cartografia, 212
      2.2. Softwares, Banco de Dados e Diagramas, 215
3. Os "Pesquisadores Indígenas": formação, tradução e mediação cultural, 221
      3.1. As atividades de formação em técnicas de pesquisa: a produção do diálogo intercultural, 223
      3.2. Da pesquisa 'sobre' os índios para a pesquisa 'dos' índios, 226
4. Ontologias e Temporalidades: ciências e engajamento político-comunitário, 227
5. O Mapeamento do Mundo: a ciência enquanto máquina de tradução, 232
CAPÍTULO VI - ONTOLOGIAS AMERÍNDIAS E PRÁTICAS DE CONHECIMENTO NO ALTO RIO NEGRO, 237
1. Percorrendo as trilhas comunitárias, 240
2. O Mundo da Roça, 244
    2.1. A Origem das Manivas e o Mundo dos Ancestrais, 244
    2.2. Práticas de Conhecimento na Roça, 247
3. A história da pimenta, 251
4. Ontologias Ameríndias no Alto Rio Negro: múltiplos corpos-mundos, 255
CAPÍTULO VII - AGENCIAMENTOS INDÍGENAS DA PESQUISA "AGR-ARN": A FORMAÇÃO DA FEIRA E DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DOS AGRICULTORES INDÍGENAS "DIRETO DA ROÇA", 263
1. A Feira "Direto da Roça", 267
2. A maloca em dia de festa, 270
3. Associativismo, demandas políticas e valores comunitários, 275
    3.1. Assembléias e demandas da Associação, 279
    3.2. Valores Comunitários e a "chefia da maloca", 283
4. Devir-índio e Devir-Branco no Contexto Urbano: entre a festa, a feira e o associativismo, 285
CAPÍTULO VIII - OS "PESQUISADORES INDÍGENAS": DOMESTICANDO OS CONHECIMENTOS E A TECNOLOGIA DO BRANCO, 290
1. Pesquisadores Indígenas no Alto Rio Negro: diferentes trajetórias e gerações, 292
    1.1. Primeira geração: de liderança indígena a pesquisador, 293
    1.2. A geração intermediária: de pesquisador à liderança comunitária, 296
    1.3. A terceira geração e a institucionalização da pesquisa nas escolas indígenas, 299
2. Formas de Agenciamento da Pesquisa (pelos pesquisadores nativos), 301
     2.1. A Pesquisa Indígena enquanto saber-fazer, 301
     2.2. A Pesquisa Indígena enquanto domesticação da alteridade, 304
3. Os Conhecimentos e as mercadorias do branco nas Ontologias Indígenas do Alto Rio Negro: alteridade, risco e domesticação, 308

PARTE III
(CONSIDERAÇÕES FINAIS)
CAPÍTULO IX - PRÁTICAS DE CONHECIMENTO, ONTOLOGIAS E TEMPORALIDADES: ACORDOS PRAGMÁTICOS E OS DILEMAS DO "DIÁLOGO", 318
1. Múltiplas Práticas de Conhecimento, Múltiplos Mundos, 318
2. Ontologias e Temporalidades, 325
3. Múltiplas formas de pensar/viver o "diálogo" entre conhecimentos na prática, 337
4. Propriedade intelectual, Consentimento Informado e Repartição de Benefícios, 341
5. Acordos pragmáticos: convivência ou conflito de ontologias, 352
CAPÍTULO X - REDES SOCIOTÉCNICAS NA AMAZÔNIA: MÚLTIPLAS ONTOLOGIAS-TOPOLOGIAS, 359
1. Rizomas e Árvores, 359
2. Ciências Nômades e Ciências de Estado, 368
3. Ontologias e Topologias, 374
4. Alfândegas: governamentalidade, regulamentação e ontologia, 387
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS, 399
APÊNDICES, 425
ANEXOS, 464

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ciência na Vida: antropologia da ciência em perspectiva


Para quem está ligado na antropologia da ciência, vale apena conferir o evento abaixo, que será realizado na UFRGS, em Porto Alegre, a partir do dia 10 de agosto.

"Ciências na vida: a antropologia da ciência em perspectiva"
Local: Auditório do ILEA, Campus do Vale - UFRGS, Porto Alegre/RS 

Programação

10 de agosto 
18-20:30hrs - MESA 01
Antropologia e Ciência no Brasil: a construção de um campo
Sérgio Carrara (UERJ)
Guilherme da Silva e Sá (UnB)
Claudia Fonseca (UFRGS)

11 de agosto 
09-12hrs - MESA 02
Produção de conhecimento e suas articulações heterogêneas
Rogério Azize (CLAM/UERJ)
Fabíola Rohden (UFRGS)
Daniela Mânica (UFRJ)
Daniela Knauth (UFRGS)

13:30-17:30 - MESA 03
Globalização, direito e regulação
Ondina Fachel Leal (UFRGS)
Adriana Petryna (University of Pennsylvania)
João Biehl (Princeton University)

12 de agosto
09-12hrs - MESA 04
Medicalização e gerenciamento dos corpos
Ilana Löwy (CERMES-França)
Lilian Chazan (CLAM/UERJ)
Martha Ramírez (UEL)
Paula Sandrine Machado (UFRGS)

13:30-17:30hrs - MESA 05
Genética e novos modos de ver e intervir da ciência
Marklo Monteiro (UNICAMP)
Helena Machado (Universidade do Minho, Portugal)
Sahra Gibbon (University College of London)
Michel Kant (University of Manchester) 
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