sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Feliz Natal e um Próspero 2011!

Eu gostaria de desejar a todos, especialmente aos membros da comunidade “AntropoSimétrica”, um FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO, com muita alegria, paz, amor e saúde!



Todos os anos, na mesma data, os cristão do mundo inteiro comemoram um dos eventos mais importantes da cosmologia ocidental: o nascimento de Jesus Cristo, filho de um pobre carpinteiro, que lutou contra as desigualdades e injustiças do seu tempo, pregando o amor, a compreensão, o entendimento e a amizade entre homens e mulheres. O seu nascimento é relembrado todos os finais de ano, quando revivemos com nossos familiares e amigos sentimentos tão nobres como a solidariedade e a bondade. Com isso, renovamos em nossos corações a vivência da esperança e a crença de que vale apena viver a vida, mesmo diante de tantas adversidades.

Nada melhor do que as crianças para representar esse renascimento. A sua felicidade espontânea diante das pequenas ações diárias de descobrimento da vida, seu amor sincero por todos que estejam dispostos a retribuir com o mesmo carinho, talvez seja a representação mais pura do sentido existencial da vida. É por isso que apreendemos tanto com as crianças, com suas pequenas aventuras, suas revelações e seu encantamento pela simplicidade da descoberta. É por isso que o seu sorriso nos comove tanto: a indicação mais concreta de que o simples fato de estarmos vivos é uma benção divina.

2010 foi um ano de grandes conquistas, mas também de grandes batalhas. Enfrentamos a ação das forças conservadoras de direita, que buscaram atacar os direitos dos povos indígenas, das minorias étnicas e políticas. A violência com que esses setores têm atuado é o efeito das nossas conquistas nas áreas de direitos humanos, civis, ambientais e socioculturais. O fato é que o lento processo de consolidação da democracia no Brasil, que teve início após a abertura política - começou a dar os seus primeiros resultados, gerando também um movimento contrário dos setores mais conservadores. Os ataques que sofremos na mídia são apenas a expressão mais evidente e concreta de uma batalha que certamente irá continuar em 2011. Por isso, desejo que este final de ano também seja um momento de renovação espiritual e reposição das energias e convicções tão necessárias para transformarmos o ano que está por nascer em uma nova oportunidade para a construção de um mundo melhor!

É tempo de renovarmos nossas convicções e nosso compromisso com os valores da democracia e da participação popular em todas as esferas de exercício governamental, permitindo que o Estado se torne realmente um instrumento de exercício da cidadania.

As imagens de dor e sofrimento de milhões de famílias no mundo inteiro devido aos efeitos nefastos do aquecimento global parecem apontar para a necessidade de inventarmos uma nova forma de fazer política, mais sensível aos dilemas socioambientais. A humanidade precisa encontrar um novo modelo de desenvolvimento, mais sustentável e comprometido com o meio ambiente.

Os povos indígenas e não-modernos tem nos dado exemplos importantes de formas de vida mais sustentáveis e menos devastadoras do que o capitalismo que hoje caracteriza a vida ocidental. Mas para que esses exemplos sejam eficientes é preciso percebê-los em sua integridade: não podemos tratar os conhecimentos desses povos como uma mercadoria ou como simples matéria prima. Ao fazermos isso, corremos o risco de perder a oportunidade única de descobrirmos novas ontologias e, com isso, abrirmos nossa imaginação para outros mundos além deste que vivemos. O mundo ocidental e moderno precisa viver o seu devir não-moderno e, desta forma, descobrir outras naturezas-culturas possíveis, tornando a imagem de outros mundos uma alternativa concreta para pensarmos o nosso futuro.

O blog antropologia simétrica está comprometido com esses princípios e irá continuar fazendo deste humilde espaço virtual um instrumento de disseminação de boas idéias, contribuindo para esse novo mundo que vemos renascer todos os anos.

Como já disse Nietzsche em algum lugar: a esperança é a qualidade mais importante da humanidade, motivo de todas as transformações e acontecimentos significativos da nossa história. Nada melhor do que o Natal para nos lembramos do seu valor em nossas vidas!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Nas Margens do Diário de Campo – Manaus (Parte II)

Nesta segunda parte do meu relato sobre o período que permaneci no Amazonas pretendo falar sobre as viagens que realizei nos arredores de Manaus: as viagens para Presidente Figueiredo, cidade localizada a 100 km ao norte de Manaus, via BR-174 (que vai até Boa Vista); e os passeios de barco pelo rio Negro.


O “Paraíso das Cachoeiras”

Presidente Figueiredo é um município pequeno, com cerce de 30 mil habitantes, que serve como referência de lazer para os moradores de Manaus devido à existência de mais de uma centena de cachoeiras na região, motivo pelo qual a cidade é conhecida como o “Paraíso das Cachoeiras”. Estive na cidade na companhia de amigos e familiares, quando tive a oportunidade de conhecer algumas das suas cachoeiras, cada uma mais linda do que a outra. A cidade também conta com uma excelente estrutura de hotéis, pousadas e restaurantes. Para quem está pensando em conhecer melhor o interior da floresta sem grandes deslocamentos de barco ou carro para o interior do Amazonas, sugiro visitar esse verdadeiro “paraíso”.




Uma boa dica para quem está pensando em se aventurar por lá: alugue um carro em Manaus (onde as diárias não são muito caras), pois as cachoeiras estão localizadas em pontos diferentes do município, tornando necessário se deslocar até esses locais de carro ou taxi (a última opção é mais cara).

                                                   
Mas, para quem quiser economizar e não tiver a pretensão de conhecer um grande número de cachoeiras, também existe a possibilidade de ir de ônibus e ficar hospedado em uma das pousadas localizadas ao lado das cachoeiras mais importantes. Não existe nada como passar algumas horas desfrutando da exuberância da floresta tropical, tomando banho de rio e visitando as belezas da região.



Nas trilhas que levam até as cachoeiras, é possível encontrar animais e plantas amazônicas, além de conhecer cavernas e percorrer caminhos no meio da mata. A infraestrutura é variável, sendo que algumas cachoeiras estão localizadas em áreas privadas, tornando necessário o pagamento de uma taxa de ingresso.   


Os Passeios de Barco e as Praias

Um dos programas mais populares entre os turistas que visitam Manaus são os passeios de barco, seja para conhecer o “encontro das águas” (convergência entre o rio Negro, de água preta, e o rio Solimões, de água clara), seja para visitar comunidades e praias localizadas nos arredores. Esse serviço é oferecido pelas agências de turismo, mas sugiro tentar negociar diretamente com os donos dos barcos, pois eles cobram bem mais barato do que os intermediários.







O passeio costuma durar de três horas até dias inteiros, dependo do itinerário combinado antes com o capitão da embarcação. Também existem barcos de diferentes tamanhos, como lanchas rápidas para 8-10 pessoas e barcos de dois andares com espaço para dezenas de pessoas. De qualquer forma, mesmo os passeios mais breves incluem uma visita ao “encontro das águas”, a uma comunidade de ribeirinhos localizada nas proximidades e um almoço em restaurantes localizados na outra margem do rio Negro, onde é possível provar as delícias da culinária local. Mas, havendo disposição, é possível estender o passeio até uma das inúmeras praias localizadas nas margens do rio Negro ou até o “Arquipélago Anavilhanas”, um complexo de 400 ilhas localizado a 40 km de Manaus. Vale realmente apena tirar um dia para navegar pelo Rio Negro e conhecer suas belezas.




Bom, hoje acabo por aqui o meu relato. No próximo post, pretendo falar um pouco sobre a minha estadia no laboratório de farmacologia da UFAM,que desenvolve pesquisas com plantas medicinais, e sobre a minha experiência junto à comunidade de ribeirinhos N.S. de Nazaré, localizada no Alto Amazonas.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Translation - J. Law

"Translation: the pun works best in the Romance language: traductore-tradittore, traduction-trahison, to translate is to betray. To translate is to connect, to displace, to move, to shift from one place, one modality, one form, to another while retaining something. Only something. Not everything. While therefor losing something. Betraying whatever is not carried over. The only way to avoid betrayal is to mimic. No, even that is not good enough. To mimic is to move, to displace throught time. The only way to avoid betrayal is to achieve identity. To be whatever it was, where it was, and whenever it was. Such is the dream of communion, intellectual, ecstatic, religious, erotic. Dreams have there place but this particular dream does not have much of a role to play in a world of oscillation between singularity and multiplicity, interference, and partial connection. Either that or, worse, it is panacea".

John Law - Aircraft Stories              

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eventos Antroposimétrica - Exterior

Primer Congreso Nacional de Barrios y Zonas Patrimoniales “Reconstruyendo Ciudadanía Patrimonial”

Data: 20 a 22 de janeiro de 2011
Local: Santiago
Informações: http://www.comunidadesdelpatrimonio.cl/index.php?option=com_content&task=view&id=393&Itemid=1

Mega Urbanisation and Human Rights: Emerging Challenges and Opportunities
Data: 14 a 16 de fevereiro de 2011
Local: Indian Museum, 27, Jawaharlal Nehru Road, Kolkata (Calcutta), India
Informações: buddhadebc@gmail.com; sumita_chau@hotmail.com; gargisubir@gmail.com

Local-global encounters and the making of place and nature: environmental ethnography in the age of conservation and eco-tourism
Data: 17 a 21 de abril de 2011
Local: Lisbon, Portugal
Informações: http://www.nomadit.co.uk/sief/sief2011/panels.php5?PanelID=810

XXXIII Congresso Internacional de Americanística
Data: 02 a 09 de maio de 2011
Local: Perugia - Itália
Informações: http://www.amerindiano.org/ / convegno@amerindiano.org

Congresso Internacional: "Arguedas: la dinámica de los encuentros culturales"
Data: 20 a 24 de junho de 2011
Local: Pontificia Universidad Católica del Perú

Knowledge and Value in a Globalising World. Disentangling Dichotomies, Querying Unities
Data: 05 a 08 de julho de 2011
Local: University of Western Australia in Perth from.
Informações: http://www.anthropology.arts.uwa.edu.au/

Knowledge and Value in the Globalising World: Disentangling Dichotomies, Querying Unities
Data:05 a 09 de julho de 2011
Call For Panels is open until: 22 de outubro de 2010
Local: University of Western Australia
Informações: conference2011-anthropology@uwa.edu.au

Conferência: “The struggle to belong. Dealing with diversity in 21st century urban settings”
Data: 07 a 09 de julho de 2011
Local: Amsterdam
Informações: http://www.rc21.org/conferences/amsterdam2011
X Congreso Argentino de Antropología Social: "La antropología interpelada: nuevas configuraciones político-culturales en América Latina"
Data: 22 a 25 de novembre de 2011
Local: Faculdade de Filosofia e Letras- Universidad de Buenos Aires
Informações: xcaas.mesa.redonda@gmail.com

Fonte: Informativo da Associação Brasileira de Antropologia

Eventos Antroposimérica - Brasil

I Simpósio Nacional sobre espacialidades e temporalidades de Festas Populares
Data: 15 a 20 de fevereiro de 2011
Local: Instituto de Ciências Humanas da UFJF
Informações: Circular / carlmaia@uol.com.br / carlos.maia@ufjf.edu.br / 32 2102-3101 / 32 2102-3101

XII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões
Data: 31 de maio a 03 de junho de 2011
Local: Universidade Federal de Juiz de Fora
Informações: simpósio@abhr.org.br

IX Reunião de Antropologia do Mercosul: Culturas, Encuentros y Desigualdades
Data: 10 a 13 de julho de 2011
Local: UFPR – Curitiba/PA
Informações: www.ram2011.org / ram@sinteseeventos.com.br

XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais
Data: 07 a 10 de agosto de 2011
Local: Universidade Federal da Bahia
Informações: www.conlab.ufba.br / conlab@ufba.br

III Reunião Equatorial de Antropologia (REA) - XII Encontro dos Antropólogos do Norte e Nordeste -ABANNE
Data: 14 a 17 de agosto de 2011
Local: Boa Vista/RR
Informações: www.ufrr.br/rea2011 / Edital de Convocação para Propostas / Projeto

Fonte: Informativo da Associação Brasileira de Antropologia

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vencedores do Prêmio Culturas Indígenas - Edição 2010

Saiu o resultado da terceira edição do Prêmio "Culturas Indígenas" (edição 2010). A escolha dos vencedores foi realizada por uma Comissão composta por 16 pessoas, das quais 8 eram indígenas. Cada projeto selecionado receberá o valor de R$ 24 mil, que serão repassados para as aldeias e comunidades. Esses recursos são oriundos da Petrobrás, através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Essa foi a segunda edição do prêmio criado pelo MinC, em 2006, por iniciativa do GT para as Culturas Indígenas, com o objetivo de valorizar, incentivar e dar visibilidade às iniciativas culturais dos povos indígenas. O concurso contou com 15 categorias, incluindo, por exemplo "rituais e festas tradicionais", "músicas, cantos e danças", "jogos e brincadeiras", artesanato, entre outras. Veja abaixo uma relação de algumas das iniciativas vencedoras:

Casa de Reza Guarani - PR
"Teko Nhemombaraeté" - Fortalecimento da Cultura Guarani - RS
Revitalizando os saberes Kaigang - RS
Mandioca, a Mãe de Nossas Forças (Xucuru Kariri) - MG
"Avaxi Nhemongai" - Batismo do Milho Mbyá Guarani - SP
"Kipaé Pitivókoke" (Dança da Ema na Cidade) (Terena) - MS
"JakairaNemongarai" - Batismo da Deusa da Fartura (Guarani Kaiowá) - MS
Fortalecimento do Povo Myky (Myky) - MT
"Kêkjkô Kamby": para criar nossa produtora "Kupytxi Rowo" (Kïsêdjê) - MT
Mulheres Artesãs Indígenas Potiguara - PB
Plantas e Ervas Medicinais na Cultura Tradicional dos Tupinambá - BA
Museu Comunitário Indígena Pipipã - PE
"Idjajkôre" (Canto da Festa Kwyrkangô) (Kayapó) - PA
Projeto de Confecção de Colares de Tucumã e Inajá do Povo Munduruku - PA
Pesquisa Aplicada as Tradições Culturais dos Índios do Acre (Kaxinawa, Manchineri e Katukina) - AC
"Jogos e Brincadeiras" como mtivação e fortalecimento para o ensino da língua Macuxi - RR
1º Festival de Músicas Indígenas Tradicionais e Adaptadas dos Povos Indígenas do Rio Negro - AM
Celebação dos Ritos das Festas Tuyuka - AM
"Wadenikaa Aakhepa" - Recuperando as técnicas tradicionais de Cerâmica Baniwa - AM
Educação e Manejo no Médio Ro Tiquié (Tukano) - AM

Uma relação completa dos projetos vencedores pode ser encontrada no link abaixo:

 http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2008/08/premio-xicao-xucuru-vencedores-15-08-082.pdf

sábado, 18 de dezembro de 2010

Implantação da Casa de Cultura Ikpeng

Os índios Ikpeng, que vivem no Parque Indígena do Xingu, inauguraram recentemente a "Casa de Cultura Ikpeng", um espaço que servirá como centro de registro e pesquisa da sua cultura. Foi criado um banco de dados digital "Ukpamtowonpïn" (Origem do Mundo), que reunirá um acervo de imagens, textos e vídeos retratando diversos aspectos da sua vida cerimonial. Também serão realizadas oficinas de formação audiovisual e iniciação digital. O espaço será administrado pelos Ikpeng e é um bom exemplo do que podem se tornar os "pontos de cultura indígena" que estão sendo implantados pelo Governo em diversas regiões do país. O edital lançado recentemente pelo Ministéio da Cultura envolve a instalação de "centros" equipados com uma infra-estrutura audiovisual (computadores, internet, filmadoras, máquinas fotográficas e etc.) e a realização de uma série de atividades de formação, como oficinas em técnicas audiovisuais e direitos autorais de imagem. A intenção é que esses locais se transformem em um centro de "revitalização cultural" e um meio de comunicação dos índios com o mundo do branco. Com isso, abre-se um novo campo de "inovação" para os índios, que estão cada vez mais se apropriando e agenciando a tecnologia e os conhecimentos do branco.       

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Telescópio Hubble completa 20 anos

O telescópio Hubble está completando 20 anos(surgiu em 1990). Nesse período, produziu mais de 500 mil imagens do espaço, contribuindo significativamente para o conhecimento astrológico. Segue abaixo alguns exemplos da beleza estética das imagens que tanto sensibilizaram a imaginação humana.
Outras imagens podem ser encontradas no site "Último Segundo": http://especiais.ig.com.br/zoom/20-anos-do-telescopio-espacial-hubble/

Nebulosa NGC 6302

Galáxia em aspiral Dusty

Aglomerado de estrelas Pismis 24 (Núcleo da Grande Nebulosa NGC 6357

Galáxia Sombrero (28 milhões de anos-luz de distância da terra)

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

There is no guidebook to science... Bateson

"In the nature of the case, an explorer can never know what he is exploring until it has been explored. He carries no Baedeker in his pocket, no guidebook which will tell him which churches he should visit or at which hotels he should stay. He has only the ambiguous folklore of others who have passed that way. No doubt deeper levels of the mind guide the scientist or the artist toward experiences and thoughts which are relevant to those problems which are somehow his, and this guidance seems to operate long before the scientist has any conscious knowlwdge of his goals. But how this happens we do not know"

Gregory Bateson - Steps to an Ecology of Mind  

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Povos Indígenas & Internet

Povos indígenas de diversas etnias estiveram reunidos na USP para discutir os usos indígenas da internet. O evento foi organizado pelo Núcleo de História Indígena e do Indigenismo em parceria com o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP e contou com o apoio da Rede de Cooperação Alternativa (RCA). Segue abaixo a ata da reunião com um resumo dos temas que foram discutidos e alguns encaminhamentos tirados ao final do encontro.

Ata do I Simpósio Indígena sobre Usos de Internet nas Comunidades Indígenas do Brasil


As lideranças e indígenas, reunidas no I Simpósio Indígena sobre Usos de Internet nas Comunidades Indígenas do Brasil durante os dias 22 a 26 de Novembro de 2010, na sala da antiga biblioteca do Prédio de História e Geografia da FFLCH na USP (Universidade de São Paulo) em São Paulo-SP, após amplos debates chegaram às conclusões que seguem sobre o uso da Internet nas Comunidades Indígenas:

As dificuldades existentes:

- Dificuldade de Conexão: a antena Gesac que hoje se encontram nas Aldeias Indígenas não tem suprido a necessidade de conexão nas aldeias, tendo inclusive falhado constantemente em algumas Comunidades. São poucos os pontos de conexão nas aldeias Indígenas. A velocidade disponibilizada não permite downloads, upload; Muitas Aldeias onde foi prometida a instalação de conexão ainda não foi instalada.
- Falta de equipamentos: os equipamentos que chegam às aldeias são muitas vezes velhos sem funcionar, os programas não são de fácil uso, equipamentos e software ultrapassados; é preciso tornar mais simples (desburocratizar) o processo aquisição de Kits de Infocentros.
- Falta de manutenção: é necessário a formação de uma equipe indígena para manutenção dos computadores nas Comunidades Indigenas;
- falta de formação de equipe técnica nos pontos de acesso (equipe de multiplicadores): é necessário formação de indígenas multiplicadores do uso das máquinas.
- falta de comunicação entre os indígenas que usam a internet

Encaminhamentos:

Diante de tudo que foi levantado e discutido pelos parentes presentes, ficou acordado a criação de uma Rede das Redes, um espaço que aglutinaria todas as redes, sites e blogs indígenas hoje existentes, para melhorar o diálogo entre os povos indígenas, fortalecer a cultura e ser um espaço de cobrança de nossos direitos.

Ficou claro que é urgente que mais aldeias sejam conectadas uma vez que é uma necessidade para uma maior comunicação com o mundo externo às aldeias e entre nós mesmos. A internet nas aldeias é uma ferramenta para buscar melhorias para as Comunidades Indígenas, daí a URGÊNCIA em solucionar os vários problemas que existem nas Aldeias como a conexão (muito lenta isso quando funciona), a falta de Computadores (muitos estão ultrapassados e sucateados) e demais questões acima citadas.

É necessário que tenham mais encontros como estes pois é de suma importância discutir o tema da Internet nas aldeias, melhorias das condições do uso desta internet e o fortalecimento das Rede das Redes que chamados Rede Digital Cultura Indígena.

Por fim ficou a cargo da Rede Índios on Line e Web Brasil Indígena nas pessoas de Graciela Guarani, Alex Pankararu, Potyra Tê Tupinambá e Anapuáka Tupinambá Hãhãhãe dar o suporte para os povos que ainda não tenham seus sites e blogs e também na criação do espaço virtual das Rede Digital Cultura Indígena.

São Paulo, 26 de novembro de 2010

Alex Pankararu [Pankararu]
Almir Narayamoga Suruí [Suruí]
Anapuáká Muniz Tupinambá Hã-hã-hãe [Tupinambá Hã-hã-hãe]
Ataíde Vilharve [Guarani Mbya]
Chicoepab Suruí [Suruí]
Daniel Baniwa [Baniwa]
Devanildo Ramires [Guarani Kayowá]
Edivan dos Santos Guajajara [Guajajara]
Elivelton de Souza [Guarani Kayowá]
Elizeu Nascimento Pedrosa [Piratapuia]
Graciela Guarani [Guarani Kayowá]
Járdilla Simões Jerônimo [Tapeba]
Jean Hundu Arara Jaminawa [Jaminawa]
Jonesvan Xakriabá [Xakriabá]
Josinei Aniká dos Santos [Karipuna]
Karané Txicão [Ikpeng]
Kumaré Txicão [Ikpeng]
Lucas Benite Xunu-Miri [Guarani Mbya]
Maurício Yekuana [Yekuana]
Nélida Rete Venega [Guarani Mbya]
Paulo Gomes Guajajara [Guajajara]
Potyra Tê Tupinambá [Tupinambá]
Raimundo Benjamim Baniwa [Baniwa]
Takumã Kuikuro [Kuikuro]

Fonte: RCA: http://rcabrasil.blogspot.com/

sábado, 4 de dezembro de 2010

Nas Margens do Diário de Campo - Manaus (Parte I)

Durante o período que permaneci em Manaus para conduzir meu trabalho de campo em uma rede de laboratórios de farmacologia e uma comunidade de ribeirinhos do alto Amazonas (onde as plantas medicinais eram coletadas), busquei viver a cidade e seus arredores. A capital do Amazonas é uma grande metrópole, com grandes avenidas, um trânsito insuportável e praticamente tudo aquilo que você encontraria nas grandes cidades das regiões sul e sudeste. A estética moderna e urbana foi reproduzida nos mínimos detalhes e Manaus cresceu e se desenvolveu muito nas últimas décadas.


Mas não se engane com as aparências. Olhe com mais cuidado que você irá descobrir que por trás das grandes avenidas tudo é um pouco diferente. O calor é úmido e constante. O povo acolhedor, simpático e de uma beleza impressionante. Basta andar pela cidade para termos a clara sensação de estarmos diante de outro Brasil, muito mais próximo da estética urbana dos países andinos do que propriamente do sul e sudeste brasileiro. Inclusive, é mais comum os moradores locais conhecerem os países vizinhos como Venezuela e Colômbia, do que o Rio de Janeiro ou São Paulo. A impressão é que a região está mais conectada com o norte da América do Sul do que com o restante do Brasil, certamente, devido ao seu isolamento geográfico em relação às demais regiões do país.



Na cidade, existem alguns passeios que vale apena fazer. Uma visita ao Teatro Amazonas – uma das construções mais lindas da cidade - é fundamental. Além das visitas diurnas, existe um cronograma intenso de eventos promovidos à noite. Tive a oportunidade, por exemplo, de assistir um show com Bibi Ferreira interpretando Edithe Piaf, com acompanhamento da Orquestra Filarmônica: foi lindo ver o local praticamente lotado e em pleno funcionamento. O teatro em dia de evento se transforma e é ótimo imaginar como deveria ser na época em que o local era o centro da vida social dos grandes barões da borracha. A visita diurna também é interessante, pois é possível conhecer um pouco mais sobre a história do teatro, seus personagens mais famosos, o período em que permaneceu fechado e sua reabertura já mais recentemente. Mesmo assim, para quem quiser viver o teatro de forma mais densa, sugiro visitá-lo em noite de evento, quando é possível respirar o passado no presente.




O Largo onde está localizado o Teatro Amazonas é um dos lugares mais bonitos de Manaus, ótimo para se visitar aos finais de tarde, principalmente, no domingo, quando a praça vira o centro de artistas itinerantes, bares, cinema ao vivo e outros tantos encantos. O local tem uma ótima infra-estrutura de cafés, restaurantes e bares.

O Bar do Armando, por exemplo, é um ponto de passagem obrigatório, seja devido à sua ótima localização (no largo do Teatro Amazonas), seja devido à figura mítica do próprio Armando, um português de 75 anos que teve a feliz idéia de fundar o bar, ainda na década de 1960.

Apesar de não estar localizado no Largo, vale apena conhecer a Cachaçaria do Dedé, um paraíso onde é possível encontrar um rico cardápio de cachaças e cervejas, além de pratos típicos da região. Outro ponto de passagem obrigatório ficava perto da minha casa: o Galvez, um simpático boteco com petiscos maravilhosos e um ambiente mais que agradável. Ótimo lugar para fazer aquela “hora feliz” com os amigos ao final do dia.

Manaus está repleta de ótimos restaurantes onde é possível provar pratos típicos regionais. Existe um, localizado no bairro Ponta Negra, próximo a praia, com um cardápio onde é possível encontrar iguarias como Jacaré, peixes regionais como o Pirarucu e tartarugas (entre outros). A cidade é excelente para quem gosta de fazer “turismo culinário”: existem vários restaurantes espalhados pela cidade, cada um melhor do que o outro.

A Praia da Ponta Negra é linda. O final de tarde pode ser algo extraordinário. Vale apena ir ao final do dia e iniciar a noite tomando uma cervejinha em um dos tantos bares espalhados pela orla.





O “Bosque da Ciência”, no INPA, é interessante de se visitar pelo menos uma vez. Além de uma trilha onde é possível encontrar árvores, plantas e até mesmo alguns animais amazônicos, existe uma exposição falando um pouco mais sobre a história da ciência na região.


Bom, por ora é isso. Na próxima parte vou falar sobre os arredores de Manaus: as praias do rio Negro, o “Paraíso das Cachoeiras” (Presidente Figueiredo), os passeios de barco e as comunidades ribeirinhas.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Uma "guerra" muito particular

Assim que o campo de batalha foi conquistado, começaram a surgir denúncias contra as forças policiais e elas são de todos os tipos:

Primeiro. A rota de fuga usada pelos marginais que conseguiram escapar da favela ocupada desembocava “apenas” 50 metros após a última linha do cerco que foi feito pelas forças policiais. Acredita-se que foi através dos túneis de esgoto – recentemente construídos como parte das obras do PAC - que os bandidos fugiram. Pois bem, a minha questão é muito simples: será que o comandante da operação e seus auxiliares não levaram em conta as possíveis linhas de fuga da favela? Sinceramente, é muito difícil acreditar que a polícia carioca não soubesse da existência desses túneis. Afinal, será que as forças do Estado não tinham um mapa da região para guiar seus movimentos de ocupação do território? Sinceramente, não consigo acreditar nesta hipótese. Pra mim é claro que houve facilitação interna das forças policiais e isso deve ser investigado com toda a seriedade possível. Só precisamos descobrir qual entidade seria mais indicada para investigar aqueles que são responsáveis por esta mesma função: talvez seja hora de inventarmos uma polícia para a polícia.

Segundo. Já foram divulgadas as primeiras notícias de que drogas e armas apreendidas teriam desaparecido ou estariam sendo vendidas por policiais envolvidos na operação. A decisão emergencial do governo parece solucionar o caso: as toneladas de drogas começaram a ser destruídas ontem. Agora só falta decidirem o que vão fazer com o armamento pesado apreendido durante as últimas operações.

Terceiro. Moradores das favelas que estão sob ocupação das forças policiais denunciaram agressões sofridas durante “operações de busca” da policia. Já não basta os trabalhadores terem que conviver com a total falta de condições mínimas de cidadania (todos os direitos sociais e civis descritos na CF e que nunca foram colocados em prática), agora são mantidos como “reféns da guerra” e tratados como bandidos. Os policiais e a sociedade precisam entender que esses “territórios do crime” também são espaços de vida: a maior parte dos moradores dessas favelas não possui relações diretas com o crime organizado. Trata-se de trabalhadores, pessoas honestas que buscam conviver com as imensas desigualdades impostas por uma sociedade injusta e cruel. Mais uma vez, ao que tudo indica, quando falamos em “pacificação”, estamos nos referindo à paz dos moradores do asfalto e não da favela, apesar de todos terem os mesmos direitos constitucionais.

Só espero que o Governo esteja atento a esses excessos cometidos pelos seus “teleguiados”, investigando com seriedade as denúncias e punindo com a mesma determinação os “marginais” que estão inseridos dentro da própria polícia e do Estado brasileiro. Trata-se, como podemos ver, de uma "guerra" muito particular, pois o "território" do inimigo é também um lugar de habitação de brasileiros e brasileiras. Muita calma nessa hora!
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