terça-feira, 29 de junho de 2010

O Fenômeno da Copa: Brasil 3X0 Chile

Em dia de jogo da seleção na copa do mundo é possível sentir a euforia no ar logo cedo de manha. Essa movimentação vai aumentando com o passar das horas, até chegar o momento da partida, quando milhões de brasileiros aguardam com atenção o início do jogo, torcendo em família e entre amigos para o seu time conquistar mais uma vitória. Ontem não poderia ser diferente. Na medida em que foi se aproximando o horário do jogo, podíamos ver torcedores de todas as idades e gênero circulando pelas ruas com suas camisetas e bandeiras. Como era contra o Chile, velho e bom freguês da seleção brasileira, estávamos todos confiantes numa vitória. Esse era o momento para o nosso time comprovar que tem condições de vencer o torneio. A vitória nas oitavas de finais seria um convite para sonhos maiores, como o hexacampeonato. Apesar de ter feito uma boa partida contra Costa do Marfim, ainda faltava à seleção apresentar um bom futebol e entrar definitivamente para o pequeno grupo das favoritas, junto com a Argentina e a Alemanha, as melhores seleções da competição até aquele momento.

Em países como o Brasil, com uma forte tradição futebolística, fica difícil para o torcedor esconder a angústia diante de um grande jogo, principalmente, na fase eliminatória. Mas o futebol é um desses fenômenos que consegue abranger a todos, até mesmo àqueles que não são amantes da bola. Ver a seleção jogar na Copa do Mundo tornou-se um desses costumes transmitidos e compartilhados por todas as gerações, apoiado pelo Governo e pelas empresas – que liberam seus funcionários para assistir as partidas – uma instituição social consagrada na nossa sociedade. Até mesmo quem não gosta de futebol assiste aos jogos da seleção brasileira durante a Copa, só para aproveitar o clima de festa que contamina as pessoas e faz desse evento esportivo um fenômeno de grande expressão sentimental para todos nós brasileiros. Quem não morre de paixão pelo futebol ou pela Seleção, assiste pelo valor social e cultural do evento em si. Vai saber ao certo como tudo isso começou, mas a verdade é que hoje em dia somos milhões torcendo pelo bom desempenho dos nossos jogadores. Estamos diante de um fenômeno social “total” – a Copa do Mundo - uma instituição cultural compartilhada por bilhões de pessoas no mundo inteiro, um evento que nos aproxima enquanto seres humanos, transformando todos os povos em coletivos de torcedores. Não importa se achamos isso produtivo ou racional, pois o futebol não é nada disso. Quando a canarinho entra em campo, a razão desaparece diante do grito de gol e a torcida é apenas o veículo de expressão de emoções e sentimentos coletivos cuja manifestação é extremamente necessária para a construção da nossa identidade nacional. Em muitos contextos e para muitas pessoas, o sentido de “ser brasileiro” só se materializa em momentos como estes, quando as diferenças são superadas em nome de um “coletivo” composto por todas as cores, credos, crenças, costumes, afiliações partidárias e religiosas. Quando a nossa seleção entra em campo ocorre um desses fenômenos culturais inexplicáveis, quando as diferenças são superadas para que exista identidade num nível mais amplo de diferenciação. É quando enfrentamos alemães, argentinos, chilenos, uruguaios e portugueses que sabemos o significado mais profundo e subjetivo do devir brasileiro. 
A Copa do Mundo é, definitivamente, um fenômeno cultural mundial de grandes proporções, só podendo ser comparada às olimpíadas. Ontem foi a vez dos nossos jogadores mostrarem ao mundo inteiro que estamos na competição para ganhar o caneco. Apesar da pressão no início do jogo, da coragem e da dedicação dos chilenos, os nossos irmãos latino-americanos não conseguiram superar o bom desempenho da seleção durante boa parte do jogo. Finalmente Kaká voltou a apresentar um futebol mais próximo do que ele vinha apresentando durante os últimos anos: versátil, inteligente e maduro. É impressionante como a Seleção muda completamente com a presença do Kaká e do Robinho em campo, jogadores que fazem a ligação entre a defesa e o ataque. Por sinal, acho que o melhor mesmo da seleção reside na qualidade técnica da sua defesa: segura, confiante e ágil. Lúcio sabe se deslocar até o meio de campo e levar a bola para Kaká e Robinho quando necessário, enquanto Juan apresentou o seu melhor futebol, garantindo a segurança na grande área. Já o nosso goleiro Julio Cezar, apesar de não ter sido muito requisitado durante a partida, demonstrou a confiança necessária nas bolas mais perigosas. No meio campo, Daniel Alves e Gilberto Silva apresentaram qualidade defensiva, mas ainda deixam a desejar no ataque. Quem se deu bem mesmo foi Ramirez, que ingressou maravilhosamente na seleção titular, dando maior movimento ao ataque e fazendo uma boa parceria com Kaká do meio campo pra frente. Luis Fabiano, por sinal, parece ter se recuperado da péssima atuação no último jogo contra Portugal e dá indícios de estar começando a gostar do seu futebol, dando demonstrações claras da sua capacidade de fazer mais alguns gols até a final do campeonato e, quem sabe, consagrar-se o goleador da competição. Robinho melhorou um pouco, mas ainda precisa (e pode) melhorar bastante. No geral, a seleção apresentou um futebol compacto, ágil e com uma defesa que impõe respeito nos adversários. Inclusive, daqui pra frente, quem jogar contra o Brasil terá mais uma preocupação em mente, pois a seleção demonstrou a capacidade de jogar contra times ofensivos e sob pressão, saindo para o jogo quando ameaçada pelos adversários.

O sonho brasileiro de ser hexacampeão continua vivo! Agora que estamos entre as oito melhores seleções do mundo, podemos alimentar mais ainda a passagem para a final, basta, para isso, ganhar de uma velha conhecida de todos nós: a Holanda. E olha que a seleção laranja desta copa não chega nem aos pés da seleção de 94, apesar de ter um ataque perigoso. Vamos em frente, que venham os holandeses! Com uma defesa como a nossa, o Kaká voltando a apresentar o seu velho e bom futebol, Robinho e Luís Fabiano conseguindo dar forma as nossas finalizações lá na frente, acho que podemos almejar chegar até a grande final da Copa do Mundo, ao que tudo indica, contra a Argentina ou a Alemanha. Ai meus amigos, só Deus sabe o que pode acontecer!

sábado, 26 de junho de 2010

Brasil 0 X 0 Portugal

O último jogo do grupo G da fase inicial da copa do mundo não foi lá tão emocionante como se esperava de duas seleções com grandes jogadores, como Cristiano Ronaldo e Luís Fabiano. O time de Portugal jogou todo o primeiro tempo retraído no seu campo de defesa, impondo uma verdadeira muralha intransponível aos brasileiros, buscando, desta forma, segurar um empate no primeiro tempo, sentir um pouco mais o desempenho da seleção canarinho e apostar no talento decisivo do seu melhor jogador, Cristiano Ronaldo, único do time posicionado no campo adversário. Enquanto isso, a torcida dos dois países, que compartilham entre si diversos elementos culturais – a língua, a história colonial, a culinária e etc. – davam um show de civilidade nas arquibancadas do estádio. A seleção brasileira não conseguiu ter a criatividade necessária para surpreender os defensores adversários, um sinal claro que tanto Robinho como Kaká fazem falta na equipe, principalmente, na ligação entre meio de campo e ataque. Sem grandes ameaças por parte dos portugueses, que tiveram poucas oportunidades de contra-ataque, os brasileiros mantiveram a posse de bola durante a primeira etapa da partida, mas sem nunca assustar o adversário e, na maior parte do tempo, sem ultrapassar a linha do meio de campo, buscando alternativas que não apareceram em nenhum momento.

Os últimos 45 minutos de jogo foram um pouco mais animados, o técnico de Portugal fez algumas mudanças que deixaram o seu time mais agressivo, nivelando um pouco mais a partida. O Brasil, no entanto, não soube tirar proveito da abertura dos portugueses para o jogo e fez uma apresentação lamentável no segundo tempo. Bom para o goleiro Júlio Cezar, que teve a oportunidade de mostrar porque é considerado o melhor goleiro do mundo na atualidade. Sobre o desempenho do restante da equipe brasileira, resta mencionar que Felipe Melo e Daniel Alves tiveram um desempenho lamentável durante a partida e Júlio Batista não parece estar vivendo o seu melhor futebol. Acho que Dunga poderia ter colocado Robinho no segundo tempo, pois num campeonato compacto como a Copa do Mundo é fundamental dar ritmo de jogo aos jogadores e, apesar dele não ter jogado bem contra Costa do Marfim, não custava nada experimentar o seu desempenho no meio de campo, fazendo a função de Kaká. Já a equipe portuguesa demonstrou qualidade técnica durante toda a partida, ocupando todos os espaços na defesa. Só acho que Cristiano Ronaldo não foi o melhor jogador do jogo, pois teve sua atuação prejudicada pelo excelente trabalho do capitão Lúcio na defesa, um dos melhores jogadores do Brasil nesta partida.

Mas, enfim, acabamos a primeira fase com um resultado satisfatório, com o Brasil finalizando em primeiro lugar no seu grupo e pegando um caminho mais seguro nas eliminatórias, não tendo que enfrentar a Espanha nas oitavas ou a Argentina ou Alemanha nas semifinais. Caso conseguirmos vencer os chilenos – o que é bastante provável - a Holanda poderá ser o único obstáculo até a final da competição. Já os nossos amigos portugueses terão que percorrer um caminho mais duro daqui pra frente, tendo que vencer os espanhóis nas oitavas e podendo enfrentar fortes candidatos ao título, como a Argentina, a Alemanha e o México.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Brasil 3X1 na Costa do Marfim

Domingão de Copa do Mundo é isso mesmo: todo mundo se mobilizando, colocando o assado no fogo e chamando os amigos para ver a seleção brilhar. Bom, o jogo foi tenso, mas não podemos deixar de reconhecer que o Brasil jogou melhor, enfrentou com bravura os jogadores da Costa do Marfim, que, inclusive, jogaram bola pra valer. Kaká contribuiu mais com o ataque da seleção, fazendo a ligação do meio de campo com os atacantes com mais agilidade. Ele parece decidido a descobrir o seu futebol durante a copa, pena mesmo foi a expulsão injusta. Afinal, ele estava parado, quem bateu nele foi o jogador da Costa do Marfim, só quem não viu foi o Juiz, que, para variar, era francês. Mas, enfim, essas coisas acontecem. A defesa da nossa seleção mostrou que sabe defender e ligar o ataque com agilidade, tudo isso com muita responsabilidade, sem entrar em pânico. Luis Fabiano foi fabuloso! Jogou um bolão e está de parabéns! O melhor jogador em campo deixou sua marca na história das copas, com um gol que ficará na memória de todos para sempre. O que foi aquilo? Não bastava matar a bola no peito, era preciso contar com uma pequena ajuda da mão de um “Deus Brasileiro”, para alegria de milhões de torcedores.

A maior decepção, desta vez, foi o Robinho, que jogou pior e não soube aproveitar as poucas oportunidades que teve durante o jogo. A sua atuação deixou a desejar. É preciso ter tranqüilidade para saber decidir o jogo quando necessário, atacar com seriedade e de forma decisiva, enfim, jogar futebol pra valer. Mas eu ainda não perdi as esperanças nesse grande jogador, que ainda terá outras chances para apresentar o seu futebol e marcar alguns gols pela seleção.

Valeu Dunga pelas decisões coerentes! Ainda quero ver a mídia sensacionalista ter que comemorar contigo a vitória da seleção. Afinal de contas, num esporte coletivo, o que vale mais é a dedicação e o compromisso com a seleção brasileira. Só ficou faltando mesmo o Ronaldinho Gaúcho e o Ganso, que seriam boas opções de substituição para o Robinho e o Kaká, mas, enfim, vamos torcer para tudo dar certo.

Agora, aterrorizante mesmo foi ver Portugal aplicar uma goleada nos norte-coreanos. Afinal, 7X0 é demais! A maior goleada da copa até agora. Mas, devemos questionar se isso significa alguma coisa e se podemos fazer qualquer comparação com o primeiro jogo do Brasil. Afinal, estamos diante da Copa das surpresas, onde até mesmo a Alemanha, que fez 4X0 contra a Austrália no primeiro jogo, perdeu para a Sérvia no segundo, a mesma Sérvia que havia perdido para Gana que, por sua vez, empatou com a Austrália na seqüência. Outro grupo que apresentou algumas surpresas foi o B, pois apesar da Coréia do Sul ter saído vencedora do jogo com a Grécia, que havia perdido de 2X0 da própria Coréia, levou uma goleada dos “hermanos”, para depois ver a Grécia vencer da Nigéria por 2X1. Assim fica difícil até mesmo para os melhores matemáticos inferir qualquer lógica nesses resultados. A verdade é que deu a louca na Copa do Mundo, vai saber se devido ao zumbido ensurdecedor da “vuvuzela” ou pelo trajeto traiçoeiro da “Jabulani”. Assim fica difícil ganhar o “bolão”. A zebra está solta na Copa do Mundo e tudo parece ser possível.

Agora, que venham os portugueses, pois estamos decididos a trazer a taça para casa! O jogo será difícil, mas o Brasil tem todas as condições de conseguir mais três pontinhos e ficar em primeiro no grupo.

Dunga X Mídia Sensacionalista

O pior mesmo é ter que assistir os jornalistas acusarem o Dunga de “agressivo” ou “mal-humorado”, depois de todos caíram encima dele de forma mais do que agressiva antes mesmo da copa começar, violando a sua privacidade, ofendendo a ele e sua família. Acho que alguns jornalistas têm memória curta e adoram descontextualizar o mundo.

Mas, para jornalista “pode”, agora, quando o “alvo” dos ataques coletivos de uma imprensa sem qualquer compromisso ético resolve responder na mesma moeda, aí “não pode”. É aquela velha história, devido ao passado de censura no Brasil, teremos que conviver eternamente com uma mídia irresponsável que “pode tudo”, por que qualquer tentativa de impor limites éticos à função jornalística é logo combatida como censura. O pior mesmo é saber que os meios de comunicação que hoje se escondem por trás da “liberdade de expressão” são os mesmos que se calaram diante das investidas dos militares. O que fazia a equipe de jornalismo da rede globo diante da tortura e da violência? Calava-se, omitia-se? Agora temos que suportar isso: covardia e abuso de autoridade jornalística. A verdade é que os mesmos jornalistas que hoje reclamam do comportamento do técnico da seleção, querem mais é que o Brasil se exploda, tanto faz para eles se a seleção ganhar ou perder, o que vale mesmo é a sensação da notícia.

O pior vai ser se a seleção perder, pois tenho certeza que a mídia vai cair encima do Dunga sem a menor piedade e talvez tenhamos que assistir calados a morte precoce de um grande técnico. Deixem o homem em paz! Deixem o Dunga fazer o seu trabalho, pois, assim, vocês poderão exigir a mesma consideração. Agora, bater raivosamente e depois exigir educação é demais!

Abaixo a Ditadura da Mídia! Viva a liberdade de expressão dos brasileiros, abaixo o abuso de poder dos meios de comunicação! Por um controle social da mídia hoje e sempre!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil 2X1 Coréia do Norte - Copa do Mundo de 2010

Peço desculpa aos marxistas de plantão, mas para além de toda e qualquer alienação, o futebol, no Brasil, é um elemento de união, talvez o único patrimônio verdadeiramente nacional. Afinal, apesar do sonho de ser doutor ainda não fazer parte da realidade de boa parte dos brasileiros – situação que vale lembrar, vem mudando durante os últimos anos – o futebol é o único meio realmente democrático, disponível para os meninos e meninas de todas as condições sociais e econômicas. E a Copa do Mundo parece atualizar esse sonho com a grandiosidade dos grandes campeonatos.

O jogo de ontem foi um clássico de estréia da seleção: ganhou, mas não arrasou. Tenho certeza que todos nós gostaríamos de um resultado melhor, algo que levantasse a nossa moral e colocasse pavor nos nossos adversários de chave, mas, enfim, nada disso aconteceu. Afinal, o torcedor brasileiro é abusado, não basta ganhar o jogo, tem que fazer bonito, dar show e, de preferência, golear o adversário.

Falando nisso, o time da Coréia do Norte não é uma Alemanha, mas chegou à copa do mundo decidido a não fazer feio. Tenho certeza que também dará trabalho para Portugal e Costa do Marfim, que, inclusive, fizeram um jogo nada emocionante algumas horas antes, terminando num humilde empate em zero a zero. Melhor para o Brasil, que iniciou a Copa em primeiro do seu grupo, que não é dos mais fáceis do campeonato.

Voltando a falar sobre a Coréia do Norte, apesar do país não ter tradição no futebol, foram responsáveis por uma das maiores zebras da história do campeonato. A Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra, contou com a participação de 16 seleções, entre essas o desacreditado time da Coréia do Norte, que, para surpresa de todos, acabou atropelando seus primeiros adversários, entre eles a própria Itália. O time coreano avançou no campeonato chegando às quartas de finais, quando caiu diante da arte de Eusébio, craque do time de Portugal que virou o jogo contra os Coreanos num histórico 5X3. Mas, até o segundo tempo, a Coréia fazia 3X0 e chamava a atenção do mundo inteiro diante do seu espírito coletivo e da sua força de vontade, únicas armas diante de um Portugal muito mais forte. Bom, no final da história, quem levou mesmo foi a seleção da Inglaterra, que bateu a Alemanha Ocidental por 4X2 na final, consagrando-se campeã. De qualquer forma, fica registrada a mensagem: apesar do time coreano deste ano não ter nem um terço do carisma da seleção de 66, a motivação ideológica nacional é uma arma que os Coreanos sempre souberam explorar no futebol.

O Brasil não jogou nada bem no primeiro tempo, apresentando um futebol muito retraído num momento em que a pressão deveria começar no campo do adversário. O segundo tempo foi relativamente melhor e as alterações do Dunga deixaram o time mais ofensivo. A grande decepção foi o Kaká, algo já esperado. Robinho também poderia ter feito melhor. Espero que a seleção jogue com mais garra e qualidade contra a Costa do Marfim, um time muito mais forte do que a Coréia e que manteve o time de Portugal sob forte pressão durante todo o jogo de ontem, deixando pouco espaço para o brilhantismo de Cristiano Ronaldo. A verdade é que se a seleção brasileira quer realmente vencer a Copa do Mundo, precisa mostrar força de vontade, marcando a saída de bola do adversário, atacando com qualidade e, principalmente, criatividade. De qualquer forma, acho que é ainda muito cedo para críticas contra Dunga e os jogadores brasileiros, precisamos aguardar um pouco mais e torcer muito para que a nossa seleção descubra o seu futebol arte durante a competição.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Marina Silva (PV) no Programa Roda Viva

O programa Roda Viva, da TV Cultura, começa sua série de discussões sobre a disputa eleitoral com a candidata Marina Silva. Hoje, a presidenciável participa da sabatina com os jornalistas a partir das 22h.

Marina Silva (PV) na UNB

O grupo político Brasil e Desenvolvimento promoverá debate com Marina Silva, no dia 17.06, quinta, às 17:30 no auditório Dois Candangos-UnB. Este é o segundo da série de debates “Presidenciáveis na UnB: discutindo um projeto de desenvolvimento para o Brasil”. O anterior foi com Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL. O evento será transmitido ao vivo pela UnBTV, por rádio-web e terá cobertura no twitter.
Nós "marineiros" do Movimento Marina Silva DF estaremos lá com uma tendinha com os seguintes materiais: camisetas e adesivos. Os recursos arrecadados serão usados para repor os custos de produção e fazer caixa para produzir mais materiais. Se desejar, leve uma graninha trocada para comprar. A tabela é a seguinte:

- adesivo R$5,00
- camiseta R$15,00
- 5 adesivos R$20,00
- 10 adesivos R$35,00
- 1 camiseta + 2 adesivos R$20,00

Contamos com a sua presença e dissemine amplamente esta mensagem.

sábado, 12 de junho de 2010

Dois Poeminhas de Mario Quintana: para recitar ao pé do ouvido

Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria.
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressureições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar dos nossos corações
Batento juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... E ter vivido o sonho!

O Umbigo

O teu querido umbiguinho,
Doce ninho do meu beijo
Capital do meu Desejo,
Em suas dobras misteriosas,
Ouço a voz da natureza
Num eco doce e profundo,
Não só o centro de um corpo,
Também o centro do mundo!

                                   Mario Quintana


 
                                            Mario Quintana

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Genealogia dos Saberes em Foucault - 2ª Parte

Nesse processo, podemos identificar alguns momentos importantes. Primeiro, o surgimento da Universidade já no fim do século XVIII e início do século XX. “A universidade tem sobretudo uma função de seleção, não tanto das pessoas, mas dos saberes. O papel da seleção, ela o exerce com essa espécie de monopólio de fato, mas também de direito, que faz que um saber que não se formou nesse campo institucional, com limites aliás relativamente instáveis, mas que constituem em linhas gerais a universidade, os organismos oficiais de pesquisa, fora disso, o saber em estado selvagem, o saber nascido alhures, se vê automaticamente, logo de saída, se não totalmente excluído, pelo menos desclassificado a priori”.


Também é a partir desse processo que ocorre o desaparecimento do cientista-amador: um fato conhecido no século XVIII-XIX. Portanto, papel de homogeneização desses saberes com a constituição de uma espécie de comunidade científica com estatuto reconhecido; organização de um consenso; e, enfim, centralização, mediante o caráter direto ou indireto, de aparelhos de Estado (219). Com a fundação de uma instituição que tem como função controlar o mecanismo (disciplinarização interna dos saberes), temos uma transformação na forma de dogmatismo com uma renúncia da ortodoxia dos enunciados: ortodoxia que incidia sobre os próprios enunciados, descartando uns em detrimento de outros, decidindo os que eram conformes e os que não eram, o século XVII vai substituir essa ortodoxia por outra coisa: um controle que já não incide mais sobre o conteúdo dos enunciados, sobre sua conformidade ou não com certas verdades, mas sobre a regularidade das enunciações. “O problema será saber quem falou e se era qualificado para falar, em que nível se situa esse enunciado, em que conjunto se pode colocá-lo, em que e em que medida ele é conforme a outras formas e a outras tipologias de saber”. Surge daí um controle muito mais minucioso e abrangente, que ocorre a nível mesmo dos procedimentos de enunciação. Isso permite uma “possibilidade de rotação muito maior dos enunciados, um desgaste muito mais rápido das verdades”, o que acabou ocasionando um “desbloqueio epistemológico”. Passou-se da censura dos enunciados para a disciplina da enunciação (que é também uma espécie de ortologia). Surgiu assim “uma nova regularidade na proliferação dos saberes”. Esse disciplinamento organizou um novo modo de relação entre poder e saber. Surgiu, assim, uma nova regra, já não mais a regra da verdade, mas a regra da ciência (220-21).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Genealogia dos Saberes em Foucault - 1ª Parte

Foucault se questiona sobre qual seria a diferença entre “o que se poderia denominar a história das ciências da genealogia dos saberes”, ao que ele busca responder nesta última parte da aula.


“(...) a história das ciências se situa num eixo que é, em linhas gerais, o eixo conhecimento-verdade, ou, em todo caso, do eixo que vai da estrutura do conhecimento à exigência da verdade. Em contraste com a história das ciências, a genealogia dos saberes se situa num eixo que é diferente, o eixo discurso-poder ou, se vocês preferirem, o eixo prática discursiva-enfrentamento de poder” (213).

Quando Foucault propõe uma diferenciação entre a história das ciências Vs genealogia dos saberes, ele também propõe discutir a questão fora da problemática das luzes (Séc. XVIII). Nas suas próprias palavras, é preciso “desmantelar o que na época (e, aliás, no século XIX e ainda no XX) foi descrito como o progresso das Luzes, a luta do conhecimento contra a ignorância, (...) da experiência contra os preconceitos” (id.).

Ao invés dessa contraposição positivista entre as Luzes e a escuridão, Foucault apresenta sua genealogia dos saberes, que consiste em analisar “um imenso e múltiplo combate dos saberes uns contra os outros – dos saberes que se opõem entre si por sua morfologia própria” (214).

Primeiro Exemplo

Séc. XVIII – se diz que foi o século da emergência dos saberes tecnológicos. Foucault aplica a sua genealogia a emergência desses saberes. Mas não como um movimento unilinear e crescente (como uma ascensão às Luzes), mas como uma multiplicidade de saberes em luta. Primeiro: existência plural de saberes diferentes, “que existiam com suas diferenças conforme as regiões geográficas. (...) E tais saberes estavam em luta uns com os outros, uns diante dos outros, numa sociedade em que o segredo do saber tecnológico valia riqueza e em que a independência desses saberes, uns em relação aos outros, significa também a independência dos indivíduos. Portanto, saber múltiplo, saber-segredo, saber que funciona como riqueza e como garantia de independência: era nesse fracionamento que funcionava o saber tecnológico. Ora, à medida que se desenvolveram as formas de produção quanto as demandas econômicas, o valor desses saberes aumentou, a luta desses saberes uns com relação aos outros, as delimitações de independência, as exigências de segredo, tornaram-se mais fortes (...). Nessa mesma ocasião, desenvolveram-se processos de anexação, de confisco, de apropriação dos saberes menores, mais particulares, mais locais, mais artesanais, pelos maiores, eu quero dizer os mais gerais, os mais industriais, aqueles que circulavam mais facilmente; uma espécie de imensa luta econômico-política em torno dos saberes, a propósito desses saberes, a propósito da dispersão e da heterogeneidade deles; imensa luta em torno das induções econômicas e dos efeitos de poder ligados à posse exclusiva de um saber, à sua dispersão e ao seu segredo” (214-15). Nessas lutas, o Estado intervém direta ou indiretamente, mediante quatro procedimentos >> 1) eliminação e desqualificação dos pequenos saberes “inúteis e irredutíveis” (economicamente dispendiosos); 2) normalização desses saberes entre si, que vai permitir ajustá-los uns aos outros, fazê-los comunicar-se entre si, derrubar as barreiras dos segredos e das delimitações geográficas e técnicas; 3) classificação hierárquica desses saberes, dos mais específicos e materiais para as formas mais gerais e mais formais (sendo que os primeiros são subordinados aos últimos); 4) centralização e controle desses saberes, sistematização que permite transmitir de baixo para cima os conteúdos desses saberes (216).

A partir desse exemplo, Foucault percebe quatro operações: seleção, normalização, hierarquização e centralização. O século XVIII foi o século de disciplinarização dos saberes (dispersos). A organização interna de cada saber como disciplina, assim como a organização dos saberes entre si, sua intercomunicação, sua distribuição, sua “hierarquização recíproca numa espécie de campo global a que chamam a ciência”. A ciência não existia antes do século XIX. A ciência funciona como policiamento disciplinar dos saberes. Desde então, ela vem propondo problemas específicos ao policiamento disciplinar dos saberes: problemas de classificação, hierarquização, problemas de vizinhança. Mas de todo este complexo processo o século XVIII tomou consciência como um “progresso da razão”, um progresso unilinear que nos retirou da escuridão (quando convivíamos com as sombras), para uma era iluminada pela Razão.

Cont. em breve...

Referência Bibliográfica:
 
FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. [Aula de 25 de Fevereiro de 1976 – pg. 213-23].

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Breve Nota sobre apresentação no LACT

Gostaria apenas de registrar aqui que a apresentação no LACT, nesta última segunda-feira, foi bastante produtiva! Todas as pessoas presentes fizeram valiosas contribuições ao meu trabalho e deixo aqui os meus sinceros agradecimentos. Nada melhor do que poder discutir questões que ainda estão em processo de concepção com pessoas interessadas em colaborar e fico realmente grato pela oportunidade. Acredito que o Laboratório de Ciência e Tecnologia é uma exceção no mundo acadêmico, onde boa parte dos alunos não sabe nem mesmo o que o seu colega ao lado está fazendo e a solidariedade entre os pares não é incentivada pelos próprios professores, é claro, com poucas e boas exceções. Espaços como o LACT promovem a solidariedade num contexto cientifico onde o individualismo predomina, permitindo a troca de conhecimentos e de dádivas. Fica aqui o meu agradecimento aos professores Guilherme José da Silva e Sá e Carlos Sautchuk, coordenadores do LACT, e aos demais colegas presentes. Conforme mencionei na ocasião, o exercício de uma antropologia experimental - que consiste, em linhas gerais, na discussão de idéias durante o processo de sua concepção - torna o processo de construção do conhecimento uma atividade extremamente produtiva, pois permite a constante reformulação do conhecimento e a superação dos dogmas que o individualismo produz na vida acadêmica. Fico feliz em poder contar na UNB com um espaço de troca que me faz lembrar do bom ambiente do NACI/UFRGS, onde apreendi desde cedo a valorizar o diálogo com os pares como uma forma de incentivar a circulação das idéias no meio acadêmico. O que precisamos, na verdade, é de mais exemplos como esses.

Diplomacia Brasileira e o Acordo com o Irã

O acordo estabelecido com o Irã com intermediação do Brasil e da Turquia foi recebido com descaso e arrogância por parte das grandes potências que compõem o Conselho de Segurança da ONU. O posicionamento dos Estados Unidos demarcou com clareza que esse país não aceita perder seu espaço na arena mundial como liderança em assuntos de “segurança internacional”. Parece que a memória do governo norte-americano é tão fraca como o seu serviço de “inteligência”, pois os erros cometidos no passado não servem como exemplo para melhorarem a sua postura internacional: a investida contra o Iraque foi alimentada pela fobia promovida pelo Governo Bush, que aterrorizou o mundo com a promessa de que esse país tinha a bomba atômica. Agora, apesar da mudança de governo, Obama parece não conseguir se livrar da linha dura do velho sistema de segurança nacional forjado ainda nos duros anos de Guerra Fria e busca impedir de todas as formas possíveis que um país que assinou o tratado de não proliferação nuclear desenvolva a energia atômica para fins pacíficos. Por outro lado, países como a Coréia do Norte, Paquistão e Israel nunca receberam o mesmo tratamento pelo tio SAM. Esse último, inclusive, tem colocado em prática o “terrorismo de Estado” sem sofrer quaisquer sanções, postura que, segundo o Governo Americano, é legitimada pelo direito desse país em promover a sua segurança nacional. Mais uma das velhas assimetrias da política internacional, pois o mesmo direito de se defender de possíveis ameaças que é garantido aos israelenses é negado aos iranianos.

O que precisamos é uma reforma da ONU com a abertura para a participação mais ativa dos países em desenvolvimento, como Brasil, Índia, Turquia e México, entre outros. Não podemos continuar agindo como se ainda estivéssemos em plena Guerra Fria, pois o cenário internacional passou por grandes transformações nos últimos anos e não vemos qualquer reflexo disso nos organismos internacionais, que continuam centralizados em torno dos interesses das grandes potências mundiais.


A posição da diplomacia brasileira foi, a meu ver, a melhor possível, pois demonstrou a capacidade necessária para buscar uma solução amigável dentro de um contexto extremamente belicoso e hostil, provando que poderá, no futuro, assumir uma posição de maior destaque no cenário internacional. Pena que, no Brasil, uma parte da nossa mídia e alguns “especialistas” tenham promovido novamente o velho pensamento colonizado ao indicar que o Brasil não soube ocupar a posição de mero coadjuvante que lhe cabe no cenário internacional. A verdade é que desde que Lula assumiu o governo, surgiram críticas de todas as partes contra a postura autônoma que o Itamaraty passou a assumir no contexto mundial. Esses senhores não entendem que a postura submissa aos interesses norte-americanos não condiz com um país que possui o direito de construir o seu próprio futuro e, para isso, precisa deixar de viver à sombra do “Grande Irmão do Norte”.

Na verdade, talvez o melhor mesmo do Lula seja a sua capacidade de potencializar a imaginação do povo brasileiro, que, por sinal, nunca deixou de projetar no horizonte a imagem de um Brasil superior. Como já dizia Sérgio Buarque de Holanda, o problema é que a nossa elite política e intelectual continua governando o país de costas para o Brasil e com os olhos na Europa e nos Estados Unidos. Também, o que esperar de pessoas que mal conhecem o verdadeiro Brasil e que passam o ano inteiro aguardando o momento de deixar o nosso clima tropical para trás e rumar imediatamente para as férias em Nova Iorque ou Paris? Com isso, continuamos aguardando a descoberta do Brasil!
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