Peço desculpa aos marxistas de plantão, mas para além de toda e qualquer alienação, o futebol, no Brasil, é um elemento de união, talvez o único patrimônio verdadeiramente nacional. Afinal, apesar do sonho de ser doutor ainda não fazer parte da realidade de boa parte dos brasileiros – situação que vale lembrar, vem mudando durante os últimos anos – o futebol é o único meio realmente democrático, disponível para os meninos e meninas de todas as condições sociais e econômicas. E a Copa do Mundo parece atualizar esse sonho com a grandiosidade dos grandes campeonatos.
O jogo de ontem foi um clássico de estréia da seleção: ganhou, mas não arrasou. Tenho certeza que todos nós gostaríamos de um resultado melhor, algo que levantasse a nossa moral e colocasse pavor nos nossos adversários de chave, mas, enfim, nada disso aconteceu. Afinal, o torcedor brasileiro é abusado, não basta ganhar o jogo, tem que fazer bonito, dar show e, de preferência, golear o adversário.
Falando nisso, o time da Coréia do Norte não é uma Alemanha, mas chegou à copa do mundo decidido a não fazer feio. Tenho certeza que também dará trabalho para Portugal e Costa do Marfim, que, inclusive, fizeram um jogo nada emocionante algumas horas antes, terminando num humilde empate em zero a zero. Melhor para o Brasil, que iniciou a Copa em primeiro do seu grupo, que não é dos mais fáceis do campeonato.
Voltando a falar sobre a Coréia do Norte, apesar do país não ter tradição no futebol, foram responsáveis por uma das maiores zebras da história do campeonato. A Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra, contou com a participação de 16 seleções, entre essas o desacreditado time da Coréia do Norte, que, para surpresa de todos, acabou atropelando seus primeiros adversários, entre eles a própria Itália. O time coreano avançou no campeonato chegando às quartas de finais, quando caiu diante da arte de Eusébio, craque do time de Portugal que virou o jogo contra os Coreanos num histórico 5X3. Mas, até o segundo tempo, a Coréia fazia 3X0 e chamava a atenção do mundo inteiro diante do seu espírito coletivo e da sua força de vontade, únicas armas diante de um Portugal muito mais forte. Bom, no final da história, quem levou mesmo foi a seleção da Inglaterra, que bateu a Alemanha Ocidental por 4X2 na final, consagrando-se campeã. De qualquer forma, fica registrada a mensagem: apesar do time coreano deste ano não ter nem um terço do carisma da seleção de 66, a motivação ideológica nacional é uma arma que os Coreanos sempre souberam explorar no futebol.
O Brasil não jogou nada bem no primeiro tempo, apresentando um futebol muito retraído num momento em que a pressão deveria começar no campo do adversário. O segundo tempo foi relativamente melhor e as alterações do Dunga deixaram o time mais ofensivo. A grande decepção foi o Kaká, algo já esperado. Robinho também poderia ter feito melhor. Espero que a seleção jogue com mais garra e qualidade contra a Costa do Marfim, um time muito mais forte do que a Coréia e que manteve o time de Portugal sob forte pressão durante todo o jogo de ontem, deixando pouco espaço para o brilhantismo de Cristiano Ronaldo. A verdade é que se a seleção brasileira quer realmente vencer a Copa do Mundo, precisa mostrar força de vontade, marcando a saída de bola do adversário, atacando com qualidade e, principalmente, criatividade. De qualquer forma, acho que é ainda muito cedo para críticas contra Dunga e os jogadores brasileiros, precisamos aguardar um pouco mais e torcer muito para que a nossa seleção descubra o seu futebol arte durante a competição.
2 comentários:
Aeeee, falou e disse... deixe os teóricos chatos pra lá, eheheh... Copa do Mundo é tudo de bom!!!! Que que foi o Uruguai jogando hoje de tarde? Sério, fiquei com pena da África do Sul, mas o Uruguai jogou muuuuuiiiiitoooo... E dá-lhe Brasil, que é só tempo de integrar melhor o time... e colocar o Nilmar no lugar do Kaká; já passou o tempo dele.
Leti, é verdade, você tem toda razão. Também fiquei com pena da África do Sul, ainda mais por que o jogo ocorreu num dia tão importante pra eles, devido ao conflito com os estudantes e tal. Parece que era uma data histórica. Mas futebol é assim mesmo. Agora o negócio é eles irem pra cima da França e tentarem a classificação! Conforme vimos com a Suécia ontem, na Copa do Mundo, nada é impossível!
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