sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Novidades na Biblioteca "Antroposimetrica"

After Nature: steps to an antiessentialist political ecology - A. Escobar
Arte, Percepção e Conhecimento - o "ver", o "ouvir" e o "Complexo das Flautas Sagradas nas Terras Baixas da América do Sul - Rafael J. de Menezes Bastos
A tradução da cultura: os Mebengokré-Xikrin - Clarice Cohn
Os Xamãs e as Máquinas: sobre algumas técnicas contemporâneas do êxtase - Pedro Ferreira
Technology and Magic - Alfred Gell
Os tambores do antropólogo: antropologia pós-social e etnografia - Marcio Goldman
Os Museus de História Natural e a Construção do Indigenismo - Antonio Carlos de Souza Lima
Conversão, Predação e Perspectiva - A Vilaça
Minds and Events - M Strathern
Introduccion - hacia una antropología de lo contemporâneo en la Amazonia Indígena - F Santos-Granero
Postcolonial Technoscience - W. Anderson
The Multiple Body of the Medical Report - M Berg & G Bowker
After the Individual in Society - M Callon & J Law
On interest and their transformation - M Callon & J Law
An approach to Heidegger's Ontology - W. Cerf
What is a "revelant" translation? - J Derrida & L Venuti
The Image of Objecivity - L Daston & P Galison
The Participant Irrealist at Large in the Laboratory - I Hacking
New developments in Science Studies: The Ethnographic Challenge - Knorr-Cetina
"Otherness in Context": a guide to anthropology in Brazil - M Peirano
The Anthropology of Anthropology: the brazilian case - M Peirano

Confira e faça download no link ao lado (biblioteca)... E aproveite a leitura!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Carta do Partido Verde francês em apoio a Dilma Rousseff

A candidatura de Marina Silva trouxe para o eleitorado de Dilma, a pupila de Lula, a grande surpresa do primeiro turno. É preciso saudar a novidade que representa a candidatura de Marina Silva que já lutava, desde o período de sete anos em que foi ministra do governo Lula, para fazer entrar verdadeiramente as questões ecológicas na pauta de preocupações do governo brasileiro de esquerda. Com sua presença no escrutínio, a diversidade de lutas sociais, de todas as minorias (sexuais, religiosas) encontrou uma voz.

O placar de 19% do total de votos para uma candidata independente, sem apoio de partidos poderosos, representa a segunda grande surpresa. Ele prova que o Brasil se transforma muito mais profundamente do que apenas no plano do crescimento econômico. Para a democracia e a cultura, este já é um passo considerável.

Na América Latina, da Colômbia ao Chile, e agora também no Brasil, para além dos diferentes contextos, as questões ecológicas entram definitivamente na pauta das eleições presidenciais, o que não é mais o caso na Europa. O Brasil é a sétima potência mundial. Nenhum europeu em sã consciência pode se desinteressar pelo que está em jogo para os destinos ecológicos e sociais do planeta.

Esta é a razão pela qual desejamos, através deste manifesto, expressar nossa inquietação. A batalha do segundo turno se anuncia bastante cerrada e, algo impensável até ontem, uma vitória da direita não está mais excluída. Na configuração de hoje, o partido verde está longe de ter a dimensão popular de Marina Silva. Algumas personalidades como Gilberto Gil, ele mesmo afiliado a este partido, conclamam a que se vote em Dilma sem ambiguidade. E nós compartilhamos desta posição. Prestemos bastante atenção ao seguinte: José Serra não é um social democrata de centro. Por trás dele, a direita brasileira vem mobilizando tudo o que há de pior em nossas sociedades: preconceitos sexistas, machistas e homofóbicos, junto com interesses econômicos os mais escusos e míopes. A direita sai do porão.

Contra as mulheres, as facções mais reacionárias das igrejas cristãs – incluindo aquela da mulher do candidato da direita que declarou publicamente que Dilma quer assassinar criancinhas – acusam a candidata de ser favorável ao aborto, mesmo que esta questão não faça parte de seu programa de governo, tampouco do programa do Partido dos Trabalhadores.Contra os homossexuais: o vice de Serra sustenta um discurso abertamente sexista e homofóbico. Contra os pobres: acusados de votar na esquerda por ignorância.

A esta panóplia, bem conhecida em toda parte, vem se juntar uma criminilização particularmente ignóbil por parte da direita das lutas de resistência contra a ditadura. Dilma tem sido alvo de campanhas anônimas na internet que acusam de terrorismo e de bandidagem por ter participado na luta contra o regime militar, ela que foi por este motivo presa e barbaramente torturada.

A mobilização da direita está completamente ligada aos interesses do agro-negócio, um vínculo sobre o qual o governo Lula tem sido ambíguo em alguns momentos. No entanto, uma vitória da direita representaria o triunfo do complexo agro-industrial e dos céticos em matéria de aquecimento global. Seria uma guinada à direita em direção à revisão do estatuto da floresta que começou a limitar a devastação na Amazônia e no Mato Grosso, e no asseguramento dos direitos indígenas sobre suas reservas, que no ano passado obtiveram uma importante vitória (Raposa Serra do Sol) referendada pela Corte Suprema do país, que reconheceu esses direitos. Vinte e duas reservas indígenas podem seguir este caminho de enfrentamento com o agro negócio da soja e do arroz transgênico.

Não permitamos que o voto libertário em Marina Silva paradoxalmente se transforme em uma catástrofe para as mulheres, para os direitos humanos e para os direitos da natureza!

No plano internacional, os aspectos mais inovadores da política Sul-Sul de Lula (certamente pelo fato de seu apoio a Ahamdinejad), seriam condenados ao ostracismo com um realinhamento com os Estados Unidos. Além de representar uma alternativa à fixação estéril em uma política de confronto entre Estados Unidos e China, esta política Sul-Sul se opõe às estratégias dos países do Norte de multiplicar as medidas de defesa dos direitos da propriedade intelectual em detrimento do acesso aos saberes, à internet (especialmente no âmbito da ACTA ).

Marina Silva recusou-se a manifestar apoio ao voto em Dilma. Pode-se compreender que seja um pouco difícil para ela se alinhar imediatamente com Dilma, com quem ela entrou em conflito enquanto no governo, e neste momento ela luta para evitar o alinhamento do partido verde com a direita, apesar da campanha virulenta contra ela por parte do PT.

Com efeito, os ecologistas estão travando, não só na Europa, como em vários países do mundo, um sério debate com os socialistas sobre a questão nuclear, sobre a OMC e o produtivismo agrícola e industrial, bem como o problema do aquecimento climático. No Brasil, agrega-se a todas essas questões uma dimensão – amplificada por sua urgência crucial – da luta contra as desigualdades. Pode-se compreender,portanto, a reserva de alguns ambientalistas em se alinharem com a candidata da esquerda.

Mas nossa experiência como força política e de oposição e governo na Europa nos permite afirmar a nossos companheiros brasileiros que, nas atuais circunstâncias do Brasil, a ancoragem na esquerda é a única possibilidade real de fazer avançar a causa ecológica: já vimos no que se tornou a 'Grenelle" – Ministério do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Energia e Transportes – na França com a direita.

Quanto às mulheres, às minorias étnicas, religiosas, sexuais, elas sabem aonde têm que se bater. A xenofobia, o racismo, a mobilização reacionária da religião são os perigosos instrumentos que a direita populista utiliza alegremente na Europa. É impossível acreditar que a esperança suscitada pelos dois mandatos presidenciais de Lula acabe terminando no segundo turno com a eleição do candidato da direita.

Dany Cohn Bendit (Alemanha) - co-presidente do grupo de deputados do Partido Verde no Parlamento europeu
Monica Frassoni (Itália) co-presidente do Partido Verde europeu
Philippe Lamberts (Bélgica)co-presidente do Partido Verde europeu
Dominique Voynet (França) Senadora, Prefeita da Cidade de Montreuil , ex-Ministra do Meio Ambiente
Yves Cochet – ( França) Deputado Nacional, ex-MInistro do Meio Ambiente (Gov. Jospin)
Noël Mamère (França) – Deputado Nacional e Prefeito de Bègles (Bordeaux)
José Bové (França) – Deputado europeu
Alain Lipietz (França) – dirigente dos Verdes e ex-deputado europeu
Jérôme Gleizes (França) – Dirigente da comissão internacional dos Verdes
Yann Moulier Boutang (França) Co-diretor da Revista Multitudes (Paris)

sábado, 23 de outubro de 2010

A bolinha de papel e o autoritarismo da Rede Globo

O que mais me revolta com a parcialidade do jornalismo “Rede Globo” é o seu editorial, elaborado a partir do pressuposto de que o seu telespectador é burro ou idiota. Pelo menos foi assim que eu me senti diante da forma como os jornalistas dessa rede de televisão apresentaram a cena do suposto “ataque” ao Serra. Outras centrais de jornalismo já haviam denunciado a farsa, mas a Globo resolveu insistir na mentira. E o pior é que buscou legitimar o seu erro a partir de imagens feitas com um celular! É claro que o uso de um perito (da casa) para comentar imagens borradas deu um tom de verdade à notícia que, de outra forma, seria mais hilária do que propriamente jornalística. As imagens de celular eram péssimas. Não havia como identificar o tal objeto que aparece na cena, que poderia, inclusive, ser perfeitamente outra bolinha de papel. Todos tivemos a oportunidade de averiguar por conta própria a inexistência de marcas físicas ou qualquer outro indício de que Serra teria sido agredido por algum objeto diferente de uma simples bolinha de papel. O fato é que, segundos após a suposta agressão, a sua careca estava completamente intacta! Não havia sequer uma única marca que denunciasse o impacto do tal objeto fictício que os jornalistas da globo tentaram de todas as formas transformar em verdade. Manipular desta forma a notícia, principalmente em época de eleição, tem se tornado uma atividade cotidiana no telejornalismo desta emissora de televisão.

Foi exatamente devido a este tipo de manipulação que o Lula não se elegeu presidente, em 1989, quando a Globo apoiou e fez de tudo para eleger Collor o primeiro presidente do país. Mas a maior irônia veio alguns anos depois, quando a mesma emissora transmitiu com certa demagogia o movimento dos “caras pintadas” e tirou o maior proveito possível do momento político que o seu antigo aliado estava vivendo. Esse é o problema com a rede globo: a sua total falta de ética.

O mesmo ocorre com a questão da censura. Afinal, a rede globo conviveu perfeitamente com o regime militar. E agora se apresenta ao público como suposta vítima de censura toda vez que se fala em alguma forma de controle social (e democrático) da mídia no Brasil, um direito constitucional de todos os brasileiros. Apesar de ter sido uma das principais beneficiadas com o contexto de censura da década de 1970, a rede globo usa (de forma hipócrita) esse período para impedir qualquer forma de regulamentação do uso do poder da mídia no Brasil.

Com isso, quem continua perdendo é o povo brasileiro, que vai continuar sendo vítima do
(ab)uso autoritário dos meios de comunicação no Brasil.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Oportunidades para Antropólogos...

SIAS busca Professor assistente


A Universidade de Oklahoma Escola de Estudos Internacionais e Espaço (SIAS) anuncia a busca de professor assistente. Inscrições até 22 de outubro de 2010. Informações: http://www.ou.edu/sias.

Concurso para docente na UNILA

A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) abre concurso público para 21 vagas para professores mestres e doutores nas seguintes áreas: Antropologia (2 vagas); Artes; Música; Economia; Estatística; Informática; Física Aplicada; Geografia Humana; Desenvolvimento Rural; Língua Espanhola; Língua Portuguesa; Língua Inglesa; Língua Francesa; Literatura Latino-Americana; Matemática; Química; e Relações Internacionais e Integração. Inscrições: até 22 de outubro de 2010. Informações: http://www.unila.edu.br/sites/default/files/Edital%20N%C2%BA.%2008_10%20Concurso%20Docentes%20Unila%20DOU%2020100923.pdf.

Ministério da Educação contrata consultores

O Ministério da Educação está contratando consultores para coordenar os seguintes territórios etnoeducacionais: Xavante e Oeste de Mato Grosso, Timbira, Nordeste, Pará, Xingu e Karajá e Conesul. Inscrições: 17 a 23 de outubro de 2010.
Informações: http://www.fnde.gov.br/ / dipro_cgpci_contratos@fnde.gov.br.

Contratação para elaboração de relatório Antropológico - MDA Florianópolis/SC

Contratação de pessoa(s) física(s) e/ou empresa(s) jurídica(s) especializada(s), visando a prestação de serviços de Elaboração de Relatório Antropológico, em 06 (seis) Comunidades Remanescentes de Quilombo. Inscrições: 11 de outubro a 28 de outubro de 2010.
Informações: http://www.comprasnet.gov.br/ / 48 3733-3506.

Estágio voluntário no Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia - UFPB

O Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções (GREM) - DCS/CCS/CCHLA/UFPB abriu inscrições para estágio voluntário na linha de pesquisa: Medos e Cotidiano das Emoções. Inscrições até 29 de outubro de 2010.
Informações: https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dG1ucmdlQ1hzbGZlakFMMVZFaS1DNFE6MQ / rei.grem@terra.com.br.


Universidade de Michigan busca Professor

O Departamento de Línguas Românticas e Literaturas do Centro de Estudos afro-americanos e Africano da Universidade de Michigan convida candidatos qualificados para oferecer cursos de literatura afro-brasileira, cultura, cinema, religião e/ou política e para ministrar cursos de conteúdo em Português e em Inglês. Inscrições até 01 de novembro de 2010. Informações: fayemp@umich.edu.

Concurso para docente na UNESP

Edital de Concurso Público para Professor Assistente Doutor do Departamento de antropologia, política e filosofia na Universidade estadual Paulista.

Disciplinas: introdução à Antropologia; fundamentos do evolucionismo; Antropologia social e cultural; escola francesa de Antropologia; Antropologia brasileira; Antropologia estrutural; métodos e técnicas de pesquisa aplicada: Antropologia ; temas clássicos de Antropologia e temas de Antropologia contemporânea. Inscrições: 01 de outubro a 03 de novembro de 2010. Informações:

http://www.fclar.unesp.br/rh/concursos_docentes_doutor.php.

Fonte: Informativo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA)

Eventos "Antroposimétricos"

Diálogos Urbanos: dinâmicas e subjetividades

Data: 23 de outubro de 2010
Local: FAFIC/UERN – Mossoró/ RN
Informações: http://semanahumanidades.blogspot.com/

1° Seminário Temático de Antropologia e Saúde - Saber Cuidar: temáticas da saúde numa perspectiva interdisciplinar

Data: 08 a 11 de novembro de 2010
Local: Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, Campus de Marília/SP
Informações: www.marilia.unesp.br/eventos / 14 3402-1306

Seminário Internacional de Sociologia: 50 anos de Brasília e 40 anos do PGSOL

Data: 09 a 12 de novembro de 2010
Local: Prédio da Fiocruz, localizado no Campus da UnB
Informações: http://www.prealasunb2010.com.br/

Seminários do DAN: “Natureza e modernidade: o caso da nação brasileira”

Data: 01 de dezembro de 2010
Local: Sala de Reuniões do Departamento de Antropologia - UnB - ICC Centro (Sobreloja)
Informações: dan@unb.br / 61 3307-3006

Knowledge and Value in a Globalising World. Disentangling Dichotomies, Querying Unities

Data: 05 a 08 de julho de 2011
Local: University of Western Australia in Perth from.
Informações: http://www.anthropology.arts.uwa.edu.au/

Fonte: Informativo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ironias da Veja - eleições 2010

O oportunismo sensacionalista da revista VEJA realmente não tem limite. Conforme já foi mencionado diversas vezes neste blog, esse veículo de comunicação vem fazendo um serviço sistemático de desinformação da sociedade. Um bom exemplo foi o posicionamento desta revista em relação à polêmica do aborto, um assunto que merece uma abordagem séria devido aos vários fatores (muitas vezes contraditórios) envolvendo esse tema. Como muitos de vocês devem ter acompanhado, a VEJA publicou recentemente uma matéria sobre as supostas declarações de Dilma sobre a questão do aborto. A matéria, como era de se esperar, buscou usar a polêmica para atacar a candidata do PT:


No entanto, conforme podemos ver logo abaixo, A MESMA REVISTA publicou outra matéria, em setembro de 1997, amplamente favorável ao aborto, inclusive, trazendo o depoimento de várias "celebridades" sobre o assunto (Ver abaixo).

Na primeira matéria, os jornalistas exploram o lado moral do problema, sem abordar as questões socioculturais. A matéria tem um tom de denúncia e busca desmoralizar a candidata Dilma. Não existe nenhum compromisso ético em explorar os vários fatores que estão por trás de um fenômeno tão complexo como o aborto. Bem diferente foi a atitude da mesma revista, em um contexto diferente do eleitoral. Na matéria publicada em 1997, os jornalistas exploram as várias questões relacionadas ao aborto a partir do depoimento de várias pessoas que enfrentaram esse problema em suas próprias vidas.  É lamentável que uma questão séria como esta esteja sendo tratada de forma oportunista e sem nenhum compromisso ético. Acho que as mulheres brasileiras precisam contar suas histórias. Precisamos ouvir mais as mulheres, ouvir seus depoimentos, entender a complexidade de cada caso e ao mesmo tempo buscar entender como essas histórias estão entrelaçadas. Este é o momento mais oportuno para discutirmos este problema com seriedade, em um ambiente democrático, onde todos os setores da sociedade possam expressar seu posicionamento, debater e discutir idéias. Não podemos tratar o assunto do ponto de vista moralista (seja ele religioso ou não). E a mídia não tem o direito de tentar "lucrar" com o drama de milhões de brasileiras. O bom jornalismo é aquele que explora os diferentes lados da história. É realmente uma pena que sejamos obrigados a conviver com o autoritarismo de certos veículos de comunicação. Isso não condiz com o ambiente democrático. Enquanto o Brasil não resolver o problema dos meios de comunicação nunca vamos conseguir construir uma sociedade verdadeiramente democrática. O poder de comunicar e gerar debates, reflexões e opiniões não pode ficar concentrado na mão de poucos coletivos. É preciso discutir o controle social da mídia, um preceito constitucional de extrema importância para o Brasil. Mas precisamos abordar essa questão de maneira séria. Um bom caminho seria buscar diferenciar o "controle social" do autoritarismo exercido durante os governos militares. Na época a decisão de censura estava nas mãos de um pequeno grupo de pessoas e era exercida de forma autoritária. Não havia discussão com a sociedade. Hoje, no entanto, já não vivemos mais neste contexto. A democracia permite discutirmos critérios éticos, culturais, sociais que devem ser levados em conta por aqueles que controlam os meios de comunicação. O bom jornalismo precisa ser valorizado. É preciso buscar retomar os fundamentos éticos que foram abandonados pelo ritmo frenético dos editorais, preocupados unicamente com o lucro. É preciso buscar uma harmonia entre os vários interesses em jogo, principalmente, sobre o exercício do direito de imagem e do acesso aos meios de comunicação.        

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Novidades na Biblioteca "Antroposimetrica"

Foram postados os seguintes textos na biblioteca "antroposimetrica" (veja no link ao lado):

A Relativistic Account of Einstein's Relativity - B. Latour
Technical Work and Critical Inquiry: investigation in a Scientific Laboratory - M. Lynch
Random Walk Models for the Spyke Activity of a Single Neuron - Mandelbrot
The Evolution and Structure of Science and Technology in Sri Lanka - Amaradasa e Silva
Tunisian Science in Search of Legitimacy - Sno
The Capacity for innovation and the Trajectory of the Indian IT Industry - Sridharan
Cartography and Science in Early Modern Europe: mapping the construction of knowledge spaces - Turnbull
Geopolítica da Amazônia - B. Becker
A Fumaça do Metal: História e Representações do Contato entre os Yanomami - B. Albert
Multilingualism in the Northwest Amazon - A. P. Sorensen
Recent Ethnography of Indigenous Northern Lowland South America - J. Jackson
A preliminary study of space and time perspective in Northern Colombia - Reichel-Dolmatoff
O que é ecologia de paisagens - J. P. Metzger
Biopiratas e Biocolonialistas - O. C. Sáez
The Possession of Kuru: Medical Science and Biocolonial Exchange - W. Anderson

sábado, 9 de outubro de 2010

Agenda por um Brasil Justo e Sustentável

Propostas de Marina Silva e do Partido Verde para os candidatos ao segundo turno da campanha presidencial buscando compromissos programáticos para um Brasil Justo e Sustentável, a construção da governabilidade com base em princípios e valores éticos. As propostas foram elaboradas a partir das Diretrizes para o Programa de Governo da Candidatura de Marina Silva à Presidência da República “Juntos pelo Brasil que Queremos”, aprovadas pela Convenção do Partido Verde e publicadas no dia 10 de junho de 2010, atualizadas e divulgadas em julho de 2010 para discussão aberta com a sociedade na campanha presidencial e com novos aportes recebidos no curso desta.

1. Transparência e ética


• Não instituição de qualquer mecanismo de tutela ou controle sobre a liberdade de imprensa;
• Transparência das informações sobre execução orçamentária do governo federal disponibilizando na internet dados primários do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), permitindo o acompanhamento da execução dos contratos e dos processos decisórios inclusive dos conselhos de governo e agências reguladoras;

2. Reforma eleitoral

• Encaminhamento ao Congresso de reforma política com adoção do voto distrital misto, lista cívica e financiamento público de campanhas.

3. Educação para a sociedade do conhecimento

• Elevação do investimento em educação do setor público para 7% do PIB, priorizando novos investimentos na direção da universalização do acesso à pré-escola e à creche;
• Eliminação do analfabetismo entre jovens de 15 a 30 anos até 2014 e erradicação do analfabetismo até 2018;
• Valorização dos professores da rede pública na sua remuneração, acesso universal a computador e internet, programas de aperfeiçoamento, formação continuada e fóruns democráticos para aprimoramento de currículos e métodos pedagógicos;
• Viabilização, nos primeiros seis meses de governo, da aprovação no Congresso da Lei de Responsabilidade Educacional e a criação do Sistema Nacional de Educação;

4. Segurança pública

• Programa de subsídios à manutenção na escola ou em curso técnico profissionalizante de todos jovens em situação de risco;
• Fundo nacional de segurança para complementar os salários dos policiais civis e militares de forma a garantir sua dedicação exclusiva à segurança pública;
• Encaminhar, no prazo de seis meses, PEC para reforma do modelo policial brasileiro.

5. Mudanças climáticas, energia e infraestrutura

• Agência reguladora independente para a Política Nacional de Mudanças Climáticas;
• Publicação de estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa(GEE) no Brasil e, a cada três anos, seu inventário completo;
• Estabelecimento de indicadores de intensidade de emissões de GEE na economia brasileira com suas metas de redução previstas em Lei, tornando-as obrigatórias;
• Aumento em 10%, até 2014, da participação das energias renováveis na matriz energética brasileira;
• Fim dos leilões de energia para novas termoelétricas movidas a óleo diesel ou carvão mineral;
• Inclusão efetiva da sociedade civil no Conselho Nacional de Política Energética;
• Supressão do IPI sobre fabricação de veículos elétricos e híbridos;
• Estabelecimento de um Plano Nacional Decenal de Infra-estrutura compatível com as metas de redução de emissões de GEE;
• Moratória de novas usinas nucleares ainda não autorizadas pelo Congresso Nacional;
• Criação do Sistema Nacional de Prevenção e Alerta sobre Desastres Naturais, incluindo publicação anual de mapa de áreas vulneráveis a desastres naturais;
• Painel científico independente para monitorar a segurança na exploração do pré-sal;
• Universalização do acesso à banda larga em todo Brasil;
• Plano de geração de empregos verdes na transição para economia de baixo carbono;
• Cumprimento das condicionantes socioambientais em relação ao projeto Belo Monte;

6 . Seguridade social: saúde, assistência social e previdência

• Comprometimento de 10% do orçamento federal para saúde conforme previsto na emenda 29/2000 e sua regulamentação no Congresso Nacional, em 2011;
• Programa Saúde da Família (PSF) para, pelo menos, 80% da população brasileira, até 2014 com redução de três mil para dois mil do número de pessoas atendidas por cada equipe;
• Carreira para os integrantes do PSF feita de forma solidária entre governos federal, estaduais e municipais;
• Aumento para 75% dos domicílios com acesso à rede de esgoto e pelos menos 50% com tratamento do esgoto coletado, até 2014, com vistas à universalização do serviço até 2020;
• Implantação da rastreabilidade e rotulagem de alimentos transgênicos;
• Programas sociais de terceira geração contemplando a inclusão produtiva como desdobramento dos programas de transferência de renda;

7. Proteção dos biomas brasileiros

• Desmatamento zero de vegetação nativa primária e secundária, em estágio avançado de regeneração, em todos os biomas brasileiros, ressalvadas situações de premente interesse público.
• Veto a propostas de alteração do Código Florestal que reduzam áreas de reserva legal, preservação permanente ou promovam anistia a desmatadores;
• Implementação da meta de 10% dos biomas brasileiros incluídos em unidades de conservação;
• Apresentação de Plano Nacional para Agricultura Sustentável;

8. Gasto público de custeio e Reforma Tributária

• Limitação da expansão dos gastos de custeio do governo federal à metade do crescimento do PIB;
• Proposta de reforma tributária nos seis primeiros meses de governo contemplando: Simplificação e restrição drástica da regressividade dos impostos; Informação clara ao consumidor do valor dos impostos na composição dos preços de produtos e serviços que adquira;
• Revisão da tributação, incentivos e renúncias fiscais de acordo com impacto sobre o meio ambiente e intensidade de emissões de GEE.
• Redução substancial dos cargos comissionados de livre provimento;

9. Política externa

• Política externa orientada pela promoção da paz, liberdade, democracia e respeito aos direitos humanos.

10. Fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural

• Conclusão da demarcação e homologação das terras indígenas e criação de fundo para apoiar projetos indígenas e das demais populações tradicionais;
• Implementação do Sistema Nacional de Cultura, ampliando seu orçamento promovendo a descentralização dos recursos e das políticas culturais;
• Combate a toda forma de discriminação racial, sexual e religiosa.

Brasil, setembro de 2010

Colocando na Balança: Lula X FHC

A luta pela conquista dos votos da Marina Silva está intensa. A cúpula do PV, mais alinhada com o PSDB paulista, pressiona para que o partido apoie o candidato Serra. Marina gostaria de fazer uma consulta às bases tanto do PV como também do "Movimento Marina Silva" antes de decidir qualquer posição. A executiva do PV se sente traída por Marina, pois teria "feito a sua campanha" e agora não estaria recebendo o devido respeito e consideração pela ex-candidata. A verdade é exatamente o contrário: quem fez a campanha do PV foi Marina Silva. Afinal, qual outro membro do PV poderia ter alcançado o resultado que a candidata teve nesse primeiro turno? O Gabeira? Que nem conseguiu se eleger para o segundo turno no RJ? Sinceramente, acho que não.

Pessoalmente, conforme já afirmei aqui, sou completamente "anti-Serra". Não voto no PSDB nem morto! E isso por uma razão muito simples: o Serra traz consigo forças ocultas (ou nem tão ocultas, como o DEM) para dentro do governo. Não que isso não tenha ocorrido também com o Governo Lula, afinal, tem cada figura no PMDB que.... Bom, deixa pra lá. Mas a verdade é que nada é pior do que o DEM, não é mesmo? Ou o PP, velho PDS das antigas, que apoiou a ditadura militar. Sem falar na "Veja", na "Isto é" e em todos esses veículos da mídia que são "golpistas" e extremamente conservadores. Outra coisa que deve ser levado em conta é que o PSDB do Serra tem uma política muito mais "dura" com os Movimentos Sociais, além de ter uma visão de "desenvolvimento" mais limitada do que a visão de Dilma. Isso sem falarmos em outros fatores como: a política externa, o salário mínimo (estou me referindo ao "real" que entra no bolso do trabalhador  e não promessas eleitoreiras), a política científica e tecnológica... A comparação é completamente favorável ao Governo Lula em inumeros fatores. Entre eles, o mais importante de todos para nós, ex-eleitores de Marina: a política ambiental. Não podemos esquecer que Marina é responsável por boa parte das medidas ambientais adotadas durante os últimos 8 anos, é claro, com todas as limitações políticas impostas pelos setores mais desenvolvimentistas do governo Lula. Mas, enfim, também deu pra avançar em muitos pontos importantes e isso deve ser levado em conta neste momento.    

Acho que "colocando na balança" chego à conclusão que a trajetória da Marina tem mais afinidade com a proposta de Dilma. Todos nós sabemos que as comparações e os números não deixam dúvida: os últimos 8 anos foram melhores do que o Governo FHC! Mas, para ajudar o eleitor de Marina a decidir qual caminho tomar neste segundo turno, coloquei logo abaixo um quadro que traz algumas comparações interessantes:


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Rapidinhas Eleições 2010 - Rumo ao 2º turno

Vitória Expressiva da Marina Silva neste Primeiro Turno


O discurso de Marina ao final deste primeiro turno das eleições 2010 expressou com clareza a felicidade de uma campanha vitoriosa. Apesar do pouco espaço na mídia e na propaganda eleitoral, a sua candidatura conseguiu conquistar quase 20% do eleitorado, chegando a vencer no Distrito Federal, o que certamente é uma grande conquista. Além disso, a candidata verde chegou em 2º lugar em mais 4 estados: RJ, AM, AP e PE. Vitória inquestionável do discurso ambientalista! Quase 1/4 do eleitorado brasileiro demonstrou preocupação com a chamada “crise ambiental” e parece simpatizar com uma mudança de paradigma na forma de pensar o governo no Brasil. A “visão estratégica” de Marina - baseada na proposta da “sustentabilidade” - foi definitivamente inserida no cenário político brasileiro, até pouco tempo dominado unicamente pela velha oposição entre “esquerda X direita”.

Marina terá que decidir o que fará com o “capital político” conquistado neste primeiro turno. O fato é que uma proposta inovadora como a sua precisa de tempo para amadurecer. Pessoalmente, acho que ela deveria apostar seriamente em construir o seu caminho para retornar como candidata nas próximas eleições com mais força ainda. Minha conclusão, portanto, é que os resultados dessas eleições foram extremamente positivos para Marina e a “causa socioambiental”, que conquistou um espaço “estratégico” no cenário político brasileiro. Parabéns Marina pela vitória! Com mais uma semana de campanha tenho certeza que estaríamos no segundo turno... Mas ainda teremos que esperar mais alguns anos para concretizar esse sonho...

Sobre o segundo turno

Não importa qual for a estratégia dos dois candidatos que vão disputar o segundo turno, eles terão que conquistar os votos “verdes” de Marina para ganhar as eleições. Com isso, os temas ambientais estão definitivamente na agenda política do segundo turno. Como a votação de Marina não foi o efeito de uma campanha “partidária”, independente do posicionamento do PV no segundo turno (que “institucionalmente” tende mais em direção ao Serra, principalmente, em estados como o RJ e SP), os “eleitores de Marina” terão que ser disputados diretamente por Dilma e Serra e podem fazer a diferença nos resultados finais das eleições 2010. Por isso, é muito provável que os dois candidatos busquem uma aproximação diretamente com Marina (e independente das possíveis coligações “oficiais” com o PV) já na próxima semana.

Acho que Dilma tem grandes chances de se eleger. Mesmo tendo perdido em estados importantes, como São Paulo e Minas Gerais, a sua votação nesses colégios eleitorais foi bastante expressiva, o que faz a diferença na contagem geral (tendo em vista o “tamanho” expressivo desses dois Estados no resultado final das eleições). Por outro lado, a vitória do “governo” (PT/PMDB e Cia) em estados como o RJ, ES, BA, SE, RS, CE e PE vão fazer a diferença nesse segundo turno. A disputa vai se estender também nos estados que terão segundo turno marcado pela disputa entre governistas e oposicionistas, como é o caso de GO, DF, AL, PB, RN, RR e PA. Pelo menos em dois desses estados – GO e DF – Dilma leva uma boa vantagem para o segundo turno.

Além de contar com uma base de apoio em estados importantes como RJ, RS, BA e CE, acredito que o sentimento “anti-Serra” deve favorecer Dilma. O debate nesta segunda etapa deve caminhar para uma comparação mais direta entre o governo Lula e o governo FHC, o que favorece a candidata do PT. Não há dúvida que o Governo Lula – apesar dos erros, principalmente, na área socioambiental – foi muito melhor do que o seu antecessor! Os dados estão aí para comprovar a superioridade de Lula. Os ganhos na área social são visíveis e a economia não se deixou abalar nem mesmo diante de crises mundiais. A popularidade do presidente está aí para atestar o “peso” político das suas conquistas. Acredito que a tendência do eleitorado é dizer “não” ao retrocesso! Amplos setores da sociedade foram contemplados pela política governamental dos últimos oito anos e vão lutar para garantir que a candidata do Lula continue no governo. A verdade é que a mudança para o Serra é arriscada e o eleitor costuma ser historicamente “conservador”. É aquela velha história, “se é para mudar para pior, é melhor que fica como está!”.

Eu, pessoalmente, estou aguardando o posicionamento dos candidatos do PT e do PSDB em relação ao discurso da “sustentabilidade”. Tanto Serra como Dilma devem procurar Marina nos próximos dias. Independentemente do apoio ou não de Marina, a questão da “sustentabilidade” terá que ser abordado por eles nas suas campanhas políticas.

Não importa o que acontecer nos próximos dias, sou totalmente “anti-Serra”! Prefiro votar em branco, mas não voto no PSDB nem morto! O problema do Serra é que ele não está sozinho e caso vencer as eleições estará muito mal acompanhado. Não podemos deixar que a máfia do DEM e do PP voltem a vampirizar o Estado brasileiro e coloquem as conquistas dos últimos oito anos na lata do lixo! Serra errou lá atrás, quando resolveu se aproximar de setores políticos extremamente nocivos à sociedade brasileira. Por outro lado, caso Dilma e o PT resolvam rever seus posicionamentos em relação ao tema da “sustentabilidade” - o que significa respeitar os procedimentos constitucionais de licenciamento ambiental e rever calamidades públicas como Belo Monte (dando indicações claras que o PAC não está acima da Constituição Federal) – existe forte chance de vitória neste segundo turno. Este é o momento que o governo precisa repensar algumas das suas atitudes demasiadamente “desenvolvimentistas”. Falta de visão estratégica não faltará ao Lula para perceber que este é o momento de buscarmos um caminho “alternativo” para o desenvolvimento. O Brasil pode e deve fazer diferente! Precisamos imaginar uma nova forma de pensar e fazer política! O resultado eleitoral neste primeiro turno é uma clara demonstração que a sociedade está preparada para uma proposta mais visionária na área governamental. Talvez seja o momento de Lula e Dilma reverem seus conceitos de “desenvolvimento”. A verdade é que precisamos de uma visão mais “estratégica” de governo que nos leve em direção ao século XXI.

Resultados das eleições no Distrito Federal

Infelizmente não conseguimos liquidar as eleições neste primeiro turno e acho que isso representa um risco para o Distrito Federal. A candidatura “Roriz” é uma ameaça ao bem estar da sociedade brasiliense e devemos buscar de todas as formas evitar que um “corrupto” como Roriz volte a controlar a máquina pública. Agnelo deve buscar o apoio do Toninho o quanto antes. Espero que o confronto direto ajude a mostrar o “absurdo” da candidatura da “senhora Roriz” já nas primeiras semanas de campanha.

Resultado das eleições no Rio Grande do Sul

Parabéns ao Tarso Genro pela bela vitória neste primeiro turno! Uma garantia de que eventos de corrupção como os que assistimos nos últimos anos não voltaram a se repetir no próximo mandato. Tarso é um sujeito preparado para governar o Estado e buscar solucionar problemas estruturais da economia gaúcha. Já estava na hora de nos livrarmos da influência do PSDB paulista na política estadual e a derrota de Yeda representa um alívio para a sociedade rio-grandense. O candidato eleito do PT irá contar com maioria no poder legislativo, o que certamente vai facilitar bastante a “governabilidade” do estado. O RS merece um governador que coloque o estado novamente num caminho de melhorias econômicas e sociais. O retorno do velho e bom governo da “Frente Popular” representa uma vitória para a democracia social no sul do país! Parabéns ao Tarso!
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