quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


O ano já está chegando ao fim e, certamente, cada um de vocês viveu inúmeras emoções, enfrentou dificuldades e felicidades, planejou novos projetos e buscou imaginar novos horizontes. Ainda temos muito o que conquistar junto com nossos irmãos que ainda vivem os efeitos perversos da desigualdade e da injustiça. Mas, não podemos nunca esquecer que a esperança e a persevarança são as armas mais poderosas do mundo. E é por isso que posso dizer com tranquilidade: fico feliz em saber que tenho bons amigos para compartilhar os bons e maus momentos, as felicidades e infelicidades, enfim, a vida! Por isso, queria desejar a todos um Natal cheio de solidariedade e bons pensamentos. Que o bom velhinho esteja conosco. Espero que o ano de 2010 reserve boas surpresas para todos nós.

Como já dizia um velho conhecido da esperança, "é preciso endurecer, mas peder a ternura, jamais!".

Um grande abraço para todos

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Simetria como princípio metodológico




"Isto porque o objetivo do princípio de simetria não é apenas o de estabelecer a igualdade - esta é apenas o meio de regular a balança no ponto zero - mas também o de gravar as diferenças, ou seja, no fim das contas, as assimetrias, e o de compreender os meios práticos que permitem os coletivos dominares outros coletivos"

(Jamais Fomos Modernos - B. Latour, p. 105)

Uma posição triplamente simétrica

1) Explicar com os mesmos termos as verdades e os erros;

2) Estudar ao mesmo tempo a produção dos humanos e dos não-humanos;

3) Ocupar uma posição intermediária entre os terrenos tradicionais e os novos, porque suspende toda e qualquer afirmação a respeito daquilo que distinguiria os ocidentais dos Outros.

(Jamais Fomos Modernos - B. Latour, p. 101-2)

sábado, 19 de dezembro de 2009

O Contrato Natural




"Um retorno à natureza! Isso significa elaborar em anexo ao nosso Contrato Social um Contrato Natural de simbiose e reciprocidade; um contrato no qual a nossa relação com as coisas já não envolverá mais domínio e possessão, mas admiração, reciprocidade, contemplação e respeito, no qual o conhecimento já não implicaria mais em apropriação ou dominação".




O Contrato Natural - Michel Serres




Existem momentos e causas que exigem uma postura militante...


O encontro em Copenhagen acabou e muito pouco se avançou. É realmente lamentável que tanto seja feito para salvar a conta bancaria de empresários, ricos e famosos e tão pouco seja feito para preservar a existência da humanidade na terra. E o pior de tudo, conforme já observou Michel Serres, é que as pessoas que estão decidindo o nosso futuro passam seus dias em escritórios climatizados, enquanto boa parte da população dos países subdesenvolvidos sofre as piores conseqüências de um estilo de vida insustentável. Para quem vive no conforto do ar-condicionado e do aquecedor, a mudança climática é apenas um conceito. Assim, ainda é fácil dizer que podemos aguardar mais um ano, dois, três... Talvez até o momento em que os efeitos do nosso estilo de vida sejam traduzidos em grandes crises financeiras mundiais.

É impressionante como os governantes e técnicos conseguem chegar a um acordo com velocidade impressionante quando se trata de salvar suas economias e mercados, principalmente, quando são essas mesmas pessoas que impõem os maiores obstáculos ao avanço concreto das negociações.

O fato é que reverter um processo como esse exige que a mudança seja pensada não como um efeito de decisões tomadas pelos governantes, mas também por pequenas ações e práticas diárias. Todos nós somos responsáveis pela mudança climática e não apenas os bancários e governantes. Por uma ação continua para reverter a mudança climática e seus efeitos na vida de bilhões de pessoas!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Domingão de decisão no campeonato brasileiro...

Fui levado a escrever estes comentários sobre a última rodada do campeonato brasileiro, mais especificamente sobre o jogo entre Grêmio X Flamengo, devido à insistência dos meus amigos colorados e flamenguistas em colocar em questionamento o desempenho do meu time. Os colorados que conheço se subdividiram: uns resolveram antecipar a acusação de que o Grêmio “entregaria o Jogo para o Flamengo”, posição reforçada ainda mais pela divulgação da escalação gremista; outros buscaram uma “aproximação” baseada numa suposta identidade regional contra “os cartolas do sudeste” ou até mesmo apelando para o humanismo, como fez o bem conhecido escritor gaúcho, Luis Fernando Veríssimo. Os flamenguistas, por outro lado, buscaram colocar em evidência a já conhecida rivalidade entre colorados e gremistas, buscando a solidariedade dos seus rivais nessa última rodada do campeonato. Independente aqui dos diferentes posicionamentos e projeções sobre o desempenho do Grêmio neste domingo, acredito que todas elas pecam ao não reconhecer o mais importante: o Grêmio é um time profissional, que tem seus próprios interesses e motivações e não precisa pautar seu futebol pelo desempenho dos seus adversários, sejam eles regionais ou nacionais. O fato é que esse jogo não é importante para o Grêmio, que tem todo o direito de jogar essa partida tendo em vista seus próprios objetivos e interesses. Isso não significa que o time vai “entregar o jogo”, como dizem os colorados - para alegria dos flamenguistas - mas a equipe que entrar em campo neste domingo também não vai jogar essa partida como se fosse uma “decisão”. Atitude, inclusive, que tanto o Internacional como o Flamengo teriam diante de um contexto semelhante. E como não se trata de um jogo importante ou decisivo para o Grêmio, o técnico ou a direção do time tem total direito de pautar a escalação conforme seus interesses: se as férias antecipadas podem servir como motivação e se a entrada em cena dos reservas pode ser uma oportunidade para que eles mostrem o seu futebol, que seja assim então: vamos pautar as nossas decisões nessa partida conforme nossa autonomia futebolística, afinal, o Grêmio não é um time de “segunda-mão” e não deve pautar o seu futebol conforme a logística dos seus adversários. Sabemos o quanto os valores de “independência” e “autonomia” foram importantes para a história política do Rio Grande do Sul e o Grêmio sempre pautou sua atuação conforme esses valores e não será diferente neste domingo. Na minha modesta opinião, acho que os meus amigos colorados devem se concentrar no seu jogo contra o Santo André e a torcida do Flamengo deve se preocupar mais com o bom desempenho do seu time do que com a possibilidade do Grêmio “entregar o jogo”, o que, inclusive, não seria nada digno com a história do Flamengo.

Por último, não posso deixar de notar que as estatísticas são mais objetivas do que os sentimentos das torcidas: o Grêmio ganhou apenas um jogo fora de casa durante todo o campeonato e é muito possível que acabe reproduzindo a sua atuação fraca longe de casa, conforme fez durante os jogos anteriores; por outro lado, o Flamengo está diante de uma decisão e joga a partida em busca do seu hexa campeonato.

Bom, meus amigos, diante de tantas evidências eu até me permito arriscar um palpite: acho que este ano o título irá para uma equipe carioca! Mas não por que o Grêmio entregou o jogo – como dirão os meus amigos colorados que, por sinal, adoram projetar no Grêmio a causa das suas derrotas – mas porque o contexto era favorável ao Flamengo. É claro que estou trabalhando com a hipótese de uma boa atuação do Flamengo que, em última instância, é o único que depende unicamente da sua “atitude” neste maravilhoso domingo. Independente do que acontecer, espero que este final de campeonato brasileiro seja uma grande festa do melhor futebol do mundo.
Observações: dedico este texto – legitimamente Gremista – aos meus caros amigos colorados e flamenguistas: como diria Machado de Assis, “As batatas aos vencedores!”
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