"Eu pedi ajuda sim. Eu estou pedindo ajuda de todo mundo contra a construção dessa usina de Belo Monte. (...) O branco não pode chegar assim e dizer: 'Eu vou fazer a usina e pronto'. Os portugueses chegaram aqui e foram eles que começaram a tomada da nossa terra, a terra onde a gente vivia, onde a gente vive até hoje. Aí começou tudo, com os portugueses. Mas eu estou avisando, eu estou avisando faz tempo pra não fazer a usina porque nós vamos brigar. A gente não vai desaparecer. Se não fizer a luta contra a usina, a gente vai desaparecer.
"Eu quero que eles ajudem porque eu tô preocupado com o que vai acontecer com todo mundo. Não é só com os índios não. É com o branco também. Eu tô preocupado com tudo isso aí. A usina de Belo Monte vai afetar tudo, vai destruir muito. Tem cidade aqui perto. Tem branco que mora por aqui e eles também vão ser prejudicados pela Belo Monte. Eles também vão perder se forem mexer com o rio. Todo mundo vai ficar sem peixe, a mandioca vai ser ruim para o branco também, porque a gente planta a mandioca na terra preta e a água vai cobrir essa terra.
"É isso que eu quero. Que a gente lute junto contra essa usina de Belo Monte, que a muié lá em Brasília entenda que não pode construir a usina aqui. A gente tem que ficar junto pra manter a natureza".
Raoni - cacique Kayapó, líder indígena doBaixo Xingu
Fonte: Scientific American Brasil, Edição Especial (2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário