História Antiga
Antigo assentamento de povos como os fenícios, romanos e turcos, a Líbia recebeu seu nome dos colonos gregos, no séc. II a.C. Durante boa parte da sua história, a Líbia foi povoada por árabes e nômades berberes. Uma parte significativa do seu território é ocupada pelo deserto do Saara. Com isso, estabeleceram-se cidades e oásis apenas mais ao norte do país. Fenícios e Gregos chegaram à região no séc. VII a.C. e estabeleceram pequenos povoados: respectivamente, Tripolitânia e Cirenaica. No século I a.C., o Império Romano se estabeleceu na região, deixando grandes monumentos visíveis até hoje. A Líbia permaneceu como colônia romana até ser conquistada pelos vândalos, por volta de 455 d.C., tendo sido retomada mais tarde pelo Império Bizantino e pelos Árabes por volta do séc. VII d.C. Esses últimos expandiram a área cultivável e habitável para o interior do país, formando novos povoados ao sul. Em 1551, Solimão I incorporou a região ao Império Otomano, estabelecendo a capital em Trípoli, mas a autoridade turca se resumia ao controle de algumas cidades localizadas mais ao norte. No interior, no entanto, a região continuava inteiramente governada por tribos nômades.
História Colonial
Em 1911, com a desculpa de defender os seus colonos estabelecidos na Tripolitânia, a Itália declarou guerra ao Império Otomano e invadiu o país, dando início a guerra Ítalo-Turca. A seita puritana islâmica dos sanusis liderou a resistência e impediu a penetração dos italianos no interior do país. A Turquia acabou renunciando aos seus “direitos” políticos sobre a Líbia no Tratado de Lausanne (1912) e, em 1914, o país já estava inteiramente ocupado por Italianos. Na 1ª Guerra Mundial, os Líbios recuperaram boa parte do seu território, que foi retomado novamente pela Itália após o término da guerra. Em 1939, a Líbia foi incorporada ao Reino da Itália. O colonialismo italiano na região é conhecido como um dos piores da história da África, com repressão desumana de manifestações políticas contrárias ao governo italiano por parte das diversas tribos berberes. Na 2ª Guerra Mundial, a Líbia foi palco de combates decisivos entre os ingleses e a “Afrikakorps” do general alemão Rommel. Após o término das hostilidades, a Líbia foi temporariamente ocupada por França e Inglaterra.
A Independência Política da Líbia
Em 1952, a Assembléia das Nações Unidas reconheceu a independência da Líbia, que passou a ser governada por um líder religioso dos sanusis, Idris I, que foi nomeado rei (1952-1969). Após a sua admissão na Liga Árabe, em 1953, o jovem país firmou acordos para a implantação de bases militares norte-americanas em toda a região. Durante esse período, apesar da aparente independência política, a presença de tropas norte-americanas e inglesas tornou-se cada vez mais intensa, influenciando os rumos históricos da recém independente nação. Com a descoberta de petróleo, em 1959, o governo Líbio determinou a retirada das tropas estrangeiras do país, o que provocou graves conflitos políticos com a Inglaterra, os Estados Unidos e o Egito.
A Revolução Muçulmana e a República Árabe Popular e Socialista
Em 1969, um grupo de oficiais radicais islâmicos derrubou a monarquia e instalou uma república de orientação socialista. O Conselho da Revolução era presidido pelo coronel Muammar al-Khadafi. O novo regime decretou a nacionalização do petróleo, dos bancos e de empresas residentes na região, ocasionando grandes protestos internacionais. Nos anos seguintes, Khadafi buscou desencadear uma revolução cultural, econômica e política no país, o que acabou resultando em conflitos com os Estados Unidos, a Inglaterra e países árabes moderados (Egito, Sudão e etc.). Sob o comando político da União Socialista Árabe, Khadafi aproveitou-se da sua riqueza petrolífera para constituir um exército bem armado e interferir na política de seus vizinhos, como o Sudão e o Chade. Após a guerra de Yom Kippur, a Líbia convenceu seus parceiros árabes a não exportar mais petróleo para os Estados Unidos devido ao seu apoio à Israel. A aproximação do país com a União Soviética, em plena guerra fria, acirrou ainda mais o conflito com o governo norte-americano, que acabou impondo um forte embargo econômico ao país com a justificativa de seu suposto envolvimento em atentados terroristas. Em 1986, o presidente norte-americano Ronald Reagan ordenou um forte bombardeio ao país, que acabou ocasionando a morte de milhares de civis, incluindo uma filha adotiva do coronel Khadafi. Mais recentemente, Estados Unidos, Inglaterra e França impuseram novo embargo comercial ao país, pois seus governantes se negaram a extraditar supostos culpados de ataques terroristas que ocorreram na Escócia, em 1988, causando a morte de centenas de pessoas.
No final da década de 1990, o regime Líbio buscou uma aproximação com o ocidente, se distanciando cada vez mais do Irã e da Palestina. Em 1995, a Líbia expulsou 30 mil palestinos que trabalhavam no país e dois anos mais tarde passou a ter problemas com grupos religiosos de orientação islâmica.
Revolução Política Contra o atual Regime de Khadafi
Em fevereiro de 2011, ocorreram várias manifestações políticas contra o governo de Khadafi. Essas manifestações foram duramente reprimidas, ocasionando a morte de dezenas de civis. O governo cortou o acesso de seus cidadãos à internet e as linhas telefônicas foram parcialmente cortadas. A Imprensa Internacional foi expulsa do país e o principal aeroporto foi fechado. Relatos de testemunhas que falaram por telefone com a BBC de Londres, contam que atiradores estavam abrindo fogo indiscriminadamente nos manifestantes, supostamente, com a intenção de “limpar as ruas”. A repressão militar aos “rebeldes” também se intensificou nas últimas semanas, com ataques constantes às forças militares e civis contrárias ao regime de Khadafi.
Na semana passada, a ONU aprovou uma resolução de implantação de uma zona de exclusão aérea na região, autorizando ações militares visando à proteção dos “rebeldes”. Nos dias seguintes, França, Inglaterra, Itália, Canadá e Estados Unidos mobilizaram suas forças militares e atacaram o exército governista. Apesar dessa ação militar ter como objetivo único proteger os civis que estão sendo duramente atacados pelo exército de Khadafi, já apareceram denúncias sobre os excessos cometidos pelas forças internacionais, que teriam resultado na morte de civis.
Como existem interesses históricos no petróleo da Líbia, a opinião pública internacional deve ficar atenta as ações militares na região, impedindo exageros que resultam em mortes de civis. É preciso também garantir que o povo da Líbia tenha condições e autonomia para decidir o seu próprio futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário