quarta-feira, 23 de março de 2011

Devir em Deleuze e Guattari - Mil Platôs

"Devir é, a partir das formas que se tem, do sujeito que se é, dos órgãos que se possui ou das funções que se preenche, extrair partículas, entre as quais instauramos relações de movimento e repouso, de velocidade e lentidão, as mais próximas daquilo que estamos em vias de tornarmos, e através das quais nos tornamos. É nesse sentido que o devir é o processo do desejo. Esse princípio de proximidade ou de aproximação é inteiramente particular, e não reintroduz analogia alguma. Ele indica o mais rigorosamente possível uma zona de vizinhança ou de co-presença de uma partícula quando entra nessa zona".

"Não são fantasmas ou devaneios subjetivos: não se trata de imitar o cavalo, de se 'fazer' de cavalo, de identificar-se com ele, nem mesmo de experimentar sentimentos de piedade ou simpatia. Não se trata tampouco de analogia objetiva entre os agenciamentos. Trata-se de saber se o pequeno Hans pode dar aos seus próprios elementos, relações de movimento e  repouso, afectos que o fazem devir cavalo, independentemente das formas e dos sujeitos. (...) E não é um sentimento de piedade, precisa ele, menos ainda uma identificação; é uma composição de velocidades e de afectos entre indivíduos inteiramente diferentes, simbiose, e que faz com que o rato se torne um pensamento no homem, um pensamento febril, ao mesmo tempo que o homem se torna rato, rato que range os dentes e agoniza. (...) É preciso que eu consiga dar às partes do meu corpo relações de velocidade e lentidão que o façam tornar-se cachorro num agenciamento original que não procede por semelhança ou analogia".

Gilles Deleuze e Félix Guattari - Mil Platôs (Vol. 4)       

2 comentários:

Anônimo disse...

http://ciclotrons.blogspot.com.br/2011/09/ciclotrons.html

Namastê!

André disse...

que didático!

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