O Setor Noroeste está localizado dentro de uma área de proteção ambiental, com rica fauna e flora local. Essa área foi cedida pelo governo do distrito federal para a construção de um luxuoso bairro de classe média, evidenciando uma situação de total irregularidade jurídica.
Para piorar ainda mais a situação, nas proximidades da região existe uma comunidade indígena habitada por índios da etnia Fulni-ô, pelo menos desde o final da década de 1950. O fundador da comunidade veio para Brasília para contribuir para a sua construção e acabou ficando por aqui, como muitos outros trabalhadores. A partir da década de 1970, índios das etnia Tuxá e Fulni-ô foram morar no local, estabelecendo com os primeiros moradores uma comunidade multiétnica, conforme aponta o laudo antropológico. Além de manter um valioso trabalho de cultivo e uso de plantas medicinais do cerrado, os índios que vivem no local têm uma intensa vida cerimonial, reproduzindo seus costumes tradicionais em festas e outras atividades correlatas. Eles também colaboram para a preservação do meio ambiente e recebem índios de outras etnias de passagem por Brasília. O território já foi reconhecido pelo parecer de um antropólogo, que evidenciou a área como de ocupação tradicional indígena.
Com isso, há alguns anos teve início uma fervorosa disputa judicial entre a Emplavi, empresa responsável pela construção da obra, e a comunidade indígena que vive na área. Apesar do processo ainda estar tramitando na justiça - o que implica na paralisação da obra até que a questão seja julgada - no último dia 03 as empreiteiras tentaram dar início à construção das habitações. Esse fato deu origem a um conflito aberto entre os seguranças da empreiteira e os índios e seus aliados (estudantes, advogados, jornalistas e antropólogos). A situação no local está tensa e a comunidade indígena corre sério risco de vida diante dos constantes ataques de milicianos e seguranças contratados pelas empresas.
O link abaixo é de um documentário que esclarece o contexto do conflito em detalhes, uma realização do Centro de Mídia Independente (CMI).
http://vimeo.com/28597529
Acesse neste link a nota da Comissão de Assuntos Indígenas da Associação Brasileira de antropologia, que esclarece em detalhes a situação do laudo antropológico da área:
http://www.abant.org.br/news/show/id/158
O vídeo abaixo reproduz a gravação de uma entrevista com o antropólogo José Jorge de Carvalho (UnB), que tem acompanhado de perto o conflito na região:
Como o acontecimento tem sido ignorado pelos meios de comunicação de Brasília, espero que este post contribua para divulgar a irregularidade jurídica e os interesses econômicos por trás de uma situação de conflito criada pela ganância e irresponsabilidade dos nossos governantes. Se você vive em Brasília e é contrário à construção do Setor Noroeste, manifeste sua opinião, divulgue o fato entre amigos e familiares, entre em contato com seus representantes políticos e exija deles um posicionamento sobre a questão.
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