Foi com certa surpresa que recebi a notícia que Roriz abandonou sua candidatura e colocou em seu lugar a sua esposa, uma senhora simpática, mas que até o momento jamais atuou na política e não possui qualquer experiência de administração pública ou privada. O abandono da candidatura “em si” não me surpreendeu, afinal, Roriz já havia “renunciado” antes para tentar interromper o processo de julgamento de suas ações e foi exatamente por isso que ele foi “enquadrado” na lei “ficha limpa”. O fato é que tal atitude faz parte da sua “personalidade”.
O que me surpreendeu foi ele ter colocado a sua esposa partindo do pressuposto de que poderá governar através dela, comportamento machista que não condiz com os princípios de igualdade defendidos pelas feministas, mas que está de acordo com o comportamento de muitos homens da nossa sociedade: a lei “Maria da Penha” é um bom exemplo disso. Ao ser questionada pelos jornalistas sobre como conduziria sua campanha na reta final do primeiro turno das eleições, a esposa de Roriz disse que seu marido saberia responder melhor a essas questões e todas as demais que viessem a surgir dali pra frente, deixando claro que a sua candidatura é apenas uma “fachada” para que Roriz possa governar. A ironia é que a foto das urnas eletrônicas será a foto de Roriz, pois já é muito tarde para fazer alterações. Ou seja, quando o eleitor votar na esposa, a foto que irá aparecer é a do ex-candidato, reforçando a idéia de que Roriz e sua esposa são uma única entidade. Um absurdo da política contemporânea!
Estou cada vez mais convencido que Roriz é um desses candidatos “populistas” que usam da demagogia como estratégia principal para arrecadar votos e eleitores, fenômeno arcaico ainda muito comum na política interiorina e em algumas cidades do Brasil. Estamos diante de um sujeito que faz política como “antigamente”. No tempo dos coronéis, o governo era exercido por famílias inteiras que se sucediam no poder, mantendo o controle do bem público como se fosse um “bem familiar ou privado”. O populista defende os interesses da sua família como se fossem os interesses do povo, não importando se o candidato é o filho, a esposa ou o genro. O que importa é manter o governo nas mãos da “família”. Uma lógica que é a própria negação dos princípios democráticos, mas que ainda está presente no cotidiano brasileiro.
O fato é que a demagogia de Roriz combina com as suas atitudes preconceituosas e seu desrespeito à moralidade pública e às leis instituídas. Burlar a “Lei Ficha Limpa” desta forma é apostar na ignorância do povo e na submissão das mulheres à vontade dos homens: uma mistura de machismo com mau caráter. Talvez ele pretenda transformar o DF no quintal da sua família. Eu só espero que o eleitor de Brasília não se deixe enganar mais uma vez por esse sujeito e dê uma reposta nas urnas.
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