sábado, 27 de outubro de 2018

Em Defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade: Haddad Presidente!

Neste semestre, dei aulas de antropologia nos cursos de graduação em Ciências Sociais e Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Minas Gerais. Ao longo das últimas aulas, tenho percebido a expressão de angústia e medo nos (as) estudantes.


Em uma aula sobre o livro, "Sexo e Temperamento", da antropóloga norte-americana, Margaret Mead; ficamos todos apreensivos diante da possibilidade de um correligionário do candidato Bolsonaro entrar no recinto e nos agredir: diante de todo movimento de pessoas no corredor, os (as) alunos (as) olhavam assustados para a porta, com medo de que algo pudesse acontecer. Afinal, a matéria que estava lecionando aborda as relações de gênero em três sociedades estudadas pela autora na década de 1930, buscando desconstruir a "naturalização" das identidades e relações de gênero na sociedade norte-americana da época, conteúdo classificado negativamente pelo neofascismo bolsonasrista como "ideologia de gênero". 


Enquanto apresentava as ideias da autora, fiquei emocionado e triste: seria essa a última aula sobre esse livro? Será que - caso o candidato do PSL ganhar no dia 28 de outubro - nós, professores, continuaremos a ter liberdade de cátedra nas universidades? Ou seremos censurados no exercício da nossa profissão? E o que dizer dos estudantes, seriam eles perseguidos por serem classificados na categoria moral "Vermelhos" simplesmente por cursarem filosofia ou ciências sociais? Pior ainda, será que as universidades públicas serão mantidas em funcionamento em um eventual governo Bolsonaro? Será que nós, professores universitários, seremos expulsos do Brasil?   

Neste ano, completei 40 anos de idade, sendo 20 deles de experiência em Universidades Públicas: primeiro como aluno de graduação em Ciências Sociais na UFRGS; depois como estudante de mestrado em antropologia (na mesma instituição) e doutorado em antropologia na Universidade de Brasília; e, desde 2012, como professor do Instituto de Ciências Sociais da UFU. Ao longo de todo esse período, contei com benefícios concedidos pelo Governo: bolsas sociais (para aluno de baixa renda) e bolsas de pesquisa. Morei em casa de estudante, frequentei o restaurante universitário e, principalmente, tive a oportunidade de cursar a universidade, algo que, no meu caso, só foi possível devido à gratuidade do ensino público superior no Brasil.

Desde 2003, quando Lula assumiu a presidência da república, pude vivenciar um processo intenso de transformação da Universidade Pública: construção de novas universidades; introdução das políticas de cotas; aumento de investimentos em infra-estrutura; contratação de novos professores; incentivo à qualificação docente; aumento dos recursos destinados à pesquisa; aumento considerável das bolsas "sociais", de introdução à docência e de pesquisa. Pude perceber, por experiência própria, que o perfil dos estudantes da universidade pública mudou sensivelmente: a presença de negros, pessoas de baixa renda e mulheres, aumentou consideravelmente nos 14 anos de governos petistas. 

Nunca antes um governo defendeu de forma tão contundente o lema da "Defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade". Milhões de brasileiros e brasileiras, como eu, tiveram acesso ao ensino superior devido às políticas educacionais implantadas ao longo dos governos petistas. 


A Universidade Pública - que sempre foi um privilégio dos setores mais ricos da sociedade brasileira - tornou-se acessível a setores da sociedade historicamente excluídos do ensino superior. Tenho orgulho de fazer parte dessa história recente do Brasil. 

Ao longo desse período, também pude gozar de um ambiente democrático de debate de diferentes perspectivas teóricas. Nunca, em momento algum, falou-se em censurar autores ou teorias. O espaço das Universidades sempre foi, ao longo de todo período pós-constituição de 1988, um ambiente livre de exercício do pensamento crítico, deixando aos próprios estudantes o direito de escolher - entre múltiplos autores e teorias - aqueles com os quais mais se identificavam. 

A apreensão e o medo estampado na expressão dos meus estudantes de Filosofia e Ciências Sociais reflete os inúmeros ataques do candidato Bolsonaro ao ambiente democrático e livre das instituições públicas de ensino. Pela primeira vez na história recente do Brasil, fala-se em banir autores e teorias, o que é um claro desrespeito a autonomia de cátedra das universidades e instituições de ensino; fala-se em implantar o ensino à distância em todos os níveis educacionais, inclusive no ensino superior, supostamente para resguardar os alunos da "doutrinação comunista", um desses fantasmas criados pelos neofascistas bolsonaristas. Com a justificativa de combater a suposta "lavagem cerebral dos vermelhos", busca-se transformar a Universidade em um curral de reprodução das ideologias conservadoras e do pensamento neoliberal. Pior ainda, fala-se também em extinguir as políticas de cotas sociais e cobrar mensalidades aos estudantes. Retorna-se, desta forma, a visão "elitista" e "conservadora" do ensino público. Ao que parece, Bolsonaro pretende retomar o processo histórico de sucateamento das universidades públicas, investindo no ensino superior privado.  

Diante do medo e da apreensão dos estudantes, senti-me na obrigação de tentar tranquilizá-los: falei que, independe do resultado dessas eleições, haverá resistência política a medidas que busquem destruir com as instituições de ensino; haverá resistência à censura e ao abuso de autoridade nas universidades federais. Falei que eles não estariam sozinhos nessa luta em defesa da democracia e da liberdade de expressão de ideias e pensamentos. 

Saímos dali decididos que a esperança pode, sim, vencer o medo. 

Após a aula, retornando para casa, chorei por alguns minutos a dor dos meus alunos, que é também a minha dor. Estamos todos apreensivos e angustiado com os discursos antidemocráticos de Bolsonaro e seus correligionários, apreensivos com o que poderá acontecer nos próximos quatro anos. Mas saímos dali também convencidos de que a esperança pode, sim, vencer o medo neste domingo!



A LUTA CONTINUA!                   

                 
           

Um comentário:

Unknown disse...

Look at the way my associate Wesley Virgin's autobiography starts with this SHOCKING and controversial VIDEO.

You see, Wesley was in the military-and soon after leaving-he revealed hidden, "MIND CONTROL" tactics that the CIA and others used to get anything they want.

THESE are the exact same secrets tons of celebrities (especially those who "come out of nowhere") and top business people used to become rich and famous.

You probably know how you use only 10% of your brain.

Really, that's because the majority of your brainpower is UNTAPPED.

Maybe that expression has even occurred INSIDE your very own mind... as it did in my good friend Wesley Virgin's mind 7 years back, while riding a non-registered, beat-up garbage bucket of a vehicle with a suspended license and with $3.20 in his pocket.

"I'm very frustrated with going through life check to check! When will I finally make it?"

You've been a part of those those thoughts, isn't it so?

Your success story is waiting to be written. You need to start believing in YOURSELF.

UNLOCK YOUR SECRET BRAINPOWER

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