A Invenção da Cultura - Roy Wagner
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sexta-feira, 15 de abril de 2011
A Invenção da Cultura - Roy Wagner
"(...) o antropólogo é obrigado a incluir a si mesmo e seu próprio modo de vida em seu objeto de estudo, e investigar a si mesmo. Mais precisamente, já que falamos do total de capacidades de uma pessoa como 'cultura', o antropólogo usa sua própria cultura para investigar outras, e para estudar a cultura em geral. (...) Em outras palavras, a idéia de cultura coloca o pesquisador em pé de igualdade com seus objetos de estudo: cada qual 'pertence a uma cultura'. Uma vez que toda cultura pode ser entendida como uma manifestação específica ou um caso do fenômeno humano, e uma vez que jamais se descobriu um método infalível para classificar culturas diferentes e ordená-las em seus tipos naturais, presumimos que cada cultura, como tal, é equivalente a qualquer outra. Essa pressuposição é denominada de relatividade cultural. Como sugere a repetição da raíz 'relativo', a compreensão de uma cultura envolve a relação entre duas variedades do fenômeno humano; ela visa a criação de uma relação intelectual entre elas, uma compreensão que inclua ambas. (...) Um antropólogo experiencia, de um modo ou de outro, seu objeto de estudo ; ele o faz através do universo de seus próprios significados, e então se vale dessa experiência carregada de significados para comunicar uma compreensão aos membros de própria cultura. (...) De fato, poderíamos dizer que um antropólogo 'inventa' a cultura que ele acredita estar estudando, que a relação - por constituir os seus próprios atos e experiências - é mais 'real' do que as coisas que ela 'relaciona'. No entanto, essa explicação somente se justifica se compreendemos a invenção como um processo que ocorre de forma objetiva, por meio de observação e apreendizado, e não como uma espécie de livre fantasia. Ao experienciar uma nova cultura, o pesquisador identifica novas potencialidades e possibilidades de se viver a vida, e pode efetivamente passar ele próprio por uma mudança de personalidade".
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