Neste último domingo caiu uma grande enxurrada em Brasília. Choveu muito num curto espaço de tempo. Acabou que quem levou a pior foram os estudantes da UnB. O andar subterrâneo do ICC ficou completamente destruído. Estimativas apontam que a Universidade precisará de R$ 20 milhões para se recuperar dos estragos ocasionados pela chuva. A rádio e a emissora de televisão foram seriamente atingidas, assim como vários anfiteatros e centros de pós-graduação, entre eles o de antropologia.
Ontem fui buscar alguns livros que havia deixado na Katakumba, centro dos estudantes de pós-graduação do departamento de antropologia, localizado no subsolo. O impacto foi grande! Realmente muito triste ver um espaço como aquele completamente destruído. A força da água é realmente impressionante: livros, cadeiras, mesas e estantes destroçadas, muita sujeira por toda parte. Realmente lamentável! Vai dar o maior trabalho reconstruir tudo. Lamento por aqueles que perderam livros e documentos importantes... Espero que a reitoria ajude no processo de reconstrução.
A Katakumba já acolheu muitos antropólogos nas últimas décadas. Uma exceção em departamentos de antropologia brasileiros, o espaço fornecia uma estrutura mínima para que os estudantes que não podiam ou não queriam estudar em casa pudessem levar adiante os seus trabalhos. A maior parte das salas tinha computador, mesas e estantes. Havia também um salão de leitura (área de descanso e muita criatividade!) e uma pequena cozinha, onde os estudantes costumavam tomar café e trocar idéias.
Nos dois primeiros anos de doutorado, costumava ir quase todos os dias pra lá. Assim como outros tantos “estrangeiros”, o lugar funcionava como um ponto de encontro e um espaço de socialidade para os recém chegados em Brasília. Todos os estudantes, mesmo aqueles que não freqüentavam o espaço diariamente, já passaram em algum momento por lá pra trocar idéias com colegas ou participar de alguma atividade alternativa. Desde que retornei pra Brasília, em 2010, passei a trabalhar em casa por uma questão de comodidade. De qualquer forma, sou muito grato por ter contado com o apoio e a infra-estrutura do local, assim como outros tantos colegas que passaram por lá nas últimas décadas.
Tudo bem que o ambiente sempre foi um tanto insalubre. Afinal, fica no subsolo, sem janelas, muito mofo e pouca circulação de ar. Mas as salas são bem amplas, apesar de não haver espaço para todos os estudantes. De qualquer forma, é um lugar que proporciona a troca de conhecimentos e impressões sobre o mundo e sobre a antropologia. Acho que a Universidade deveria valorizar mais esses espaços de convivência estudantil, que foram desaparecendo na mesma medida em que foram aparecendo os restaurantes, lojinhas e lanchonetes (olha o capitalismo aí)...
Espero que a Katakumba seja reconstruída e continue servindo como um espaço de criatividade e intensa convivência estudantil!
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