Em um contexto de greve dos docentes das universidades federais é importante refletirmos sobre a situação salarial dos professores, tendo em vista que esta é uma das demandas do movimento grevista. Atualmente, o salário de um professor de início de carreira com graduação (categoria 'auxiliar'), com regime de dedicação exclusiva (DE), correspondente ao menor nível salarial da categoria, é de R$ 2.762,36. Já um professor de início de carreira com doutorado (categoria 'adjunto'), com DE, é de R$ 7.333,67. E por fim, o maior nível remuneratório, corresponde ao professor com doutorado (DE), nível associado IV, chega a R$ 11.755,05. Esses valores são referentes ao vencimento básico + GEMAS + Retribuição por Titulação (RT).
Para termos uma ideia aproximada do quanto esses salários estão defasados, basta compararmos esse valor com o salário de alguns cargos federais:
Oficial de Inteligência da ABIN: R$ 12.960,86 (nível remuneratório inicial) - R$ 18.400,00 (final)
Defensor Público da União / Procurador Federal: R$ 14.970,60 (inicial) - 19.451,00 (final)
Auditor da Receita Federal: Idem.
Diplomata: R$ 12.962,12 - R$ 18.478,45
Pesquisador/Analista do Ministério da Ciência e Tecnologia: R$ 8.146,87 - R$ 12.786,32
Advogado do Senado: R$ 23.826,57 (inicial)
Analista / Técnico do Legislativo: R$ 18.440,64 (inicial)
Auxiliar Legislativo: R$ 10.241,36
Juízes Federais: R$ 22.911,74 (nível inicial)
Deputado Federal: R$ 26.763,13 (inicial) + R$ 60.000,00 (Verba Adicional)
Deputado Estadual: R$ 12.500,00 (inicial) + Verba Adicional
Presidente da República: R$ 26.700,00
Como podemos ver na listagem acima, o salário atual dos professores das universidades federais está bem abaixo da média salarial de outros cargos federais, com destaque especial para os cargos de auxiliar legislativo e oficial da ABIN (pois ambos exigem o nível de graduação para ingresso na carreira) e para analista do MCT (com nível de doutorado, mas com remuneração bem superior aos professores com mesmo nível educacional). Essa disparidade salarial reflete o espaço secundário que a educação sempre recebeu na agenda política do governo federal. Tendo em vista que um professor com nível de doutorado investe no mínimo 12 anos em formação acadêmica (graduação + mestrado + doutorado), na maior parte das vezes contando com auxílio do governo federal (bolsas etc.), o seu salário inicial não deveria estar abaixo do salário de um analista do legislativo (com nível de graduação).
Além do mais, não podemos deixar de avaliar a importância da função associada ao cargo, pois um docente de nível superior é responsável pela formação de milhares de pessoas durante a sua carreira. E olha que estamos falando do salário dos professores de 3º grau... Pois os professores de nível básico e médio recebem um salário mais miserável ainda.
Mas a maior indignação surge quando vemos o quanto o governo federal gasta por mês com cada senador:
Salário: R$ 26.723,13
Auxílio Moradia: R$ 3.750,00
Verba Indenizatória + Passagens: R$ 21.000,00 (inicial), podendo chegar a R$ R$ 44 mil.
Verba de Gabinete: R$ 80 mil
TOTAL: R$ 131.473,13 (X 81 = R$ 10 milhões por mês, sem falar nos senadores aposentados...)
Mesmo diante de gastos tão altos, o senado aprovou recentemente um aumento do salário dos senadores em nada menos do que 61,8%! Por outro lado, a demanda dos professores por um aumento de 14% no vencimento básico é tratada pelo governo federal como 'incoerente' diante do contexto de crise financeira internacional... Estamos diante da velha história: 'dois pesos, duas medidas'...
Como diria o Professor Raimundo, 'enquanto isso, o nosso salário ó'....
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