Entreguei
ontem a versão da tese para a banca, composta pelos professores Claudia
Fonseca, Mauro Almeida, Henyo T Barreto Filho e Guilherme da Silva e Sá. A
defesa está marcada para o dia 04 de agosto, as 14hrs, no Departamento de
Antropologia da Universidade de Brasília.
O
título do trabalho é:
Redes
Sociotécnicas, Práticas de Conhecimento e Ontologias na Amazônia: tradução de
saberes no campo da biodiversidade.
Orientadora:
Marcela Coelho de Souza
Co-Orientador:
Paul E. Little
Trata-se
de uma etnografia em rede, constituindo-se
como uma tentativa de estabelecer uma interface entre a antropologia da ciência e a etnologia, tendo
como cenário etnográfico duas iniciativas de pesquisas na área de
biodiversidade e conhecimentos tradicionais, ambas envolvendo o encontro entre
cientistas, índios e ribeirinhos e a proposta do estabelecimento de um “diálogo
de saberes”. Os dois projetos foram autorizados pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e estão inseridos no contexto histórico de problematização do acesso aos recursos genéticos e aos chamados "conhecimentos tradicionais associados".
A discussão mais geral envolve uma abordagem ontológica das formas de conhecimento científicas, indígenas e ribeirinhas, com enfase na maneira como esses diferentes coletivos conhecem os objetos que circulam nessas iniciativas e pensam a relação entre saberes no campo da biodiversidade. As palavras-chave mais importantes são: ontologia; práticas de conhecimento; tradução; redes sociotécnicas; objetivismo científico; perspectivismo; governamentalide; modos de objetivação e subjetivação.
A
primeira parte da tese é sobre um projeto na área de plantas medicinais e
fitoterápicos envolvendo uma equipe de farmacêuticos de uma universidade
federal do Amazonas e uma comunidade ribeirinha do Alto Amazonas. Busquei seguir todo o ciclo de produção científica que tem início com a coleta das plantas na comunidade até a sua transformação em extratos e produtos naturais. Também busquei contrapor essa forma científica (e farmacêutica) de conhecer e transformar as plantas medicinais e a maneira como os ribeirinhos conhecem as plantas na comunidade.
A
segunda parte é sobre duas pesquisas na área de desenvolvimento sustentável envolvendo pesquisadores do Instituto Socioambiental e
organizações e povos indígenas do Alto Rio Negro. Busquei descrever o ciclo de produção científica que tem início com a coleta de dados nas comunidades indígenas e finaliza com a sistematização desses dados nos escritórios do ISA. Também busquei contrapor a forma como índios e pesquisadores abordam os dois objetos dessas iniciativas: a agrobiodiversidade e as "paisagens florestais".
Na
terceira e última parte busco tecer associações entre esses dois universos,
tendo como cenário histórico mais amplo o processo de regulamentação do acesso
ao “patrimônio genético” e aos “conhecimentos tradicionais associados”. O tema de destaque nesta parte é a problematização política e ética das relações de saberes na área de biodiversidade, envolvendo temas como "repartição de benefícios", "consentimento prévio e informado" e "propriedade intelectual" (entre outros).
Ainda volto a escrever sobre a tese no blog,
em uma postagem específica de divulgação. Por ora, só queria mesmo comunicar
o término da escrita e a entrega da tese para a banca. Agora fica faltando a etapa final e derradeira: a
defesa!
Nem
acredito que finalizei tudo em tempo. Os últimos cinco anos foram de dedicação
exclusiva ao doutorado. Lembro como se fosse hoje quando cheguei à Brasília, em
março de 2007, sem conhecer a cidade e estranhando muito a arquitetura urbana
da capital. Tive a sorte de contar com a recepção e o acolhimento de amigos e
colegas, que tornaram a minha estadia nesta cidade e na UnB muito agradável. A
tese é o resultado do apoio e parceria de inúmeras pessoas que estiveram ao meu
lado nos últimos cinco anos. Gostaria de agradecer em especial aos colegas,
funcionários e professores do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UnB,
com quem tive a oportunidade de conviver nos últimos cinco anos; aos pesquisadores do ISA e da UFAM; e aos ribeirinhos de N. S. de Nazaré e às lideranças e agricultores indígenas de São Gabriel da Cachoeira (ARN).
Tendo
finalizado a escrita da tese, aos poucos pretendo retomar o projeto do blog.
Acredito, no entanto, que isso só irá ocorrer com mais intensidade a partir de
agosto, após o rito final. Até lá ainda estarei envolvido com a preparação para a defesa.
Um comentário:
Diego, parabéns pela Tese. Estou curioso para ler. Não esquece de disponibilizar uma versão em pdf para nós, da comunidade antroposimétrica. Sorte na defesa.
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