É bom sentar na praia, ouvir os pássaros, o movimento das cachoeiras, sentir a brisa do ar, acompanhar o brilho da luz solar e seu efeito na composição de um mundo de cores e tonalidades. Depois, na volta para casa, sentar para ouvir histórias e treinar a sensibilidade. Silenciar o pensamento por alguns instantes, deixar-se conduzir pelas intensidades: movimentos, sons dispersos (será preciso segui-los para encontrar o sentido?)
Vivenciar um devir-planta na degustação de um vinho. Imaginar como é a vida nos campos e vinhedos, envolver-se totalmente em uma lembrança enigmática de um avô que um dia ensinou os netos a lidar com as plantas e, principalmente, com as uvas, esses seres selvagens de personalidade instável.
Escutar uma sinfonia e viver o ritmo e a harmonia dos sons e dos contra-sons. [Lembrei de uma frase e achei estranho o fato dela soar como um ritornelo, genuíno mas sempre diferente].
Os bons prazeres da vida são modestos, mínimos em forma e enésimos em potência e vitalidade.
A felicidade é a duração de uma infinidade no breve período de um devaneio.
[É tão bom escrever sabendo que as palavras se perdem como os amantes diante de um nascer do sol deslumbrante, sem se preocupar em capitalizar a escrita e o pensamento como os empresários capitalizam os músculos e tendões dos trabalhadores. Escrevo por necessidade, da mesma forma que me alimento quando estou com fome...].